UGT recorda a ministra do Mar que Governo pode rever concessões nos portos

À entrada de uma reunião para a Concertação Social, Carlos Silva diz que "ameaça" de despedimento colectivo não é solução e apela ao Governo para negociar com estivadores.

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Ontem foi entregue novo pré-aviso de greve para mais uma semana de paralisações nos portos Foto: Carlos Lopes/PÚBLICO

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considera que a "ameaça" do despedimento colectivo não resolve a situação no Porto de Lisboa e apelou ao Governo para que negoceie com os estivadores e aprofunde o diálogo social. 

"Temos verificado que está a passar na opinião pública uma mensagem de que a greve dura há demasiado tempo. Então, por que é que não se aprofunda o diálogo social? Por que é que o Governo não interveio, apesar de a gestão ser privada? Por que é que a senhora ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, a quem já ouvi a possibilidade de se reverem as concessões da administração dos portos, por que é que não o faz?", disse Carlos Silva.

A renegocição dos contratos de concessão portuários estava em curso e foi intrerrompida com a chegada do novo executivo ao Governo. Ana Paula Vitorino pediu às administrações portuárias para ter mais informações sobre os contratos em vigor e as necessidades de investimento que eram invocadas pelos operadores para tomar decisões. Mas ainda nenhuma foi conhecida. 

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O líder da UGT, que falava aos jornalistas à entrada de uma reunião em sede de Concertação Social, deixou um apelo para que "todos, sentados à mesa", encontrem uma solução que permita "objectivar o essencial, o bem público, a defesa da economia e o aprofundamento do diálogo social". "Não é, naturalmente, com ameaças de despedimento colectivo que se resolvem os problemas dos trabalhadores nem das empresas", sublinhou o sindicalista.

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O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, afirmou, por seu turno, que a greve "está a começar a causar problemas no fabrico de alguns produtos e poderá ter influência nalguns preços de importação que, se forem por via terrestre, podem ser mais altos". <_o3a_p>

Questionado sobre se poderá haver uma solução breve que ponha termo a esta greve, Vieira Lopes não se manifestou optimista e lembrou que os problemas dos portos "são sempre muito complexos". "Historicamente, os problemas com os portos e com os estivadores são sempre muito complexos, não só em Portugal, mas em todo o mundo e muitas vezes são determinados interesses que nem sequer nos parecem orientados politicamente, mas de uma forma excessivamente corporativa", salientou.

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Nesta quarta-feira, no final de um plenário de trabalhadores, em Lisboa, o presidente do sindicato dos estivadores, António Mariano, lembrou que na próxima sexta-feira se inicia uma nova fase na luta dos trabalhadores, arrancando o período correspondente ao ultimo pré-aviso de greve, e que se vai prolongar até ao dia 16 de Junho. <_o3a_p>

Os operadores do Porto de Lisboa vão avançar com um despedimento colectivo por redução da actividade, depois de o sindicato dos estivadores ter recusado, na sexta-feira, uma nova proposta para um novo contrato colectivo de trabalho. <_o3a_p>

A decisão do recurso ao despedimento colectivo foi tomada depois de, na sexta-feira passada, o sindicato, em greve desde 20 de Abril, ter recusado a proposta de acordo de paz social e para a celebração de um novo contrato colectivo de trabalho para o trabalho portuário no porto de Lisboa. <_o3a_p>