EUA acabam com embargo de venda de armas ao Vietname

É sobretudo um gesto simbólico numa visita em que Barack Obama quer promover o tratado comercial do Pacífico, o TPP.

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Obama e Tran Dai Quang - as relações EUA/Vietname estão totalmente restabelecidas Carlos Barria/Reuters

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o fim do embargo de venda de armas americanas ao Vietname, um dos últimos vestígios da guerra entre os dois países, que durou de 1955 a Abril de 1975. Trata-se antes do mais de um gesto simbólico, que sela a pacificação entre dois antigos inimigos que já tinham restabelecido relações diplomáticas e comerciais. Mas necessário no âmbito desta viagem - Obama está, em primeiro lugar, a promover a Parceria Trans-Pacífico, um mega acordo comercial entre os EUA e os países da Ásia.

"Os Estados Unidos têm tanto a ganhar [com o TPP] como o Vietname", disse Obama em Hanói, durante uma conferência de imprensa com o chefe de Estado vietnamita, Tran Dai Quang. Como já tinha feito na sua viagem à Europa, com quem os EUA querem firmar um tratado idêntico, o TTIP (parceria comercial transaltlântica), Obama disse esperar que o acordo comercial com o Pacífico, apoiado por 12 países, seja ratificado antes do início de 2017 - quando abandona a Casa Branca, depois de cumprir dois mandatos.

O levantamento do embargo à venda de armas americanas ao Vietname era a última barreira comercial que existia entre os dois países. Em 1994, Washington pôs fim ao embargo económico ao Vietname e, no ano seguinte, normalizou as relações com o país comunista. Desde então, três Presidentes americanos visitaram o país.

"Os Estados Unidos levantam completamente a interdição de venda de equipamentos militares ao Vietname que estava em vigor há 50 anos", disse Obama durante uma conferência. "Isto mostra que as relações entre os dois países estão plenamente normalizadas", acrescentou o Presidente Tran.

Obama explicou que esta medida (e a sua presença na Ásia: visitará também o Japão e, na sexta-feira, irá a Hiroxima) não faz parte de uma resposta de Washington em relação a Pequim, devido à escalada de tensão regional devido às reivindicações chinesas no Mar do Sul da China.

Em 2014, Pequim instalou uma plataforma petrolífera em águas reivindicadas pelo Vietname, provocando o surgimento de um movimento anti-China no Vietname. A plataforma foi retirada meses mais tarde.

"Existe uma certa desconfiança [em relação a Washington] entre a elite vietnamita, mas o crescente posicionamento de Pequim no Mar do Sul da China está a fazer evoluir as mentalidades e a levar a uma mais rápida reaproximação dos Estados Unidos", disse à AFP Murray Hiebert, analista no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Obama foi, porém, criticado por não ter falado no tema dos direitos humanos. Limitou-se a assinalar que existem "diferenças" entre Washington e Hanói nessa matéria. O Presidente vietnamita falou de passagem na questão, assegurando que o regime quer "proteger e respeitar os direitos humanos".

A Human Rights Watch denunciou a falta de declarações fortes sobre o tema, quer por parte de Obama quer por parte de Tran - em concreto, sobre os dissidentes políticos que estão presos.

"O Presidente Obama abandonou o único elemento que restava aos EUA para fazerem pressão sobre o Vietname em matéria de direitos humanos", disse Phill Robertson, da Human Rights Watch. "Deu, simplesmente, ao Vietname uma recompensa que o país não merece", acrescentou, ao mesmo tempo que relembrou a existência de leis repressivas da liberdade de expressão no país.

 

 

 

 

 

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