Suspeitos de homicídio de empresário tinham equipamento para despistar polícia
Aparelho inibia comunicações móveis e GPS que permite a localização de telemóveis e veículos. Corpo ainda não apareceu e PJ investiga possibilidade de o grupo ter usado ácido para o dissolver.
O grupo suspeito de ter sequestrado e matado um empresário de Braga há dois meses usaria equipamento sofisticado para despistar a polícia, designadamente um inibidor de sinal GPS. O aparelho gera um campo electromagnético que bloqueia as comunicações móveis, incluindo o GPS dos telemóveis que permite a sua localização. Também conhecido por jammer, já foi antes referenciado pela polícia por, noutros casos, ter impedido que os localizadores GPS de automóveis roubados funcionassem.
A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu, aliás, a este grupo, quatro viaturas de gama alta e acredita que dois outros automóveis furtados, que apareceram queimados há cerca de duas semanas, terão sido usados no sequestro. Os sete detidos nesta terça-feira pela PJ foram presentes na tarde desta quarta-feira a um juiz no Tribunal de Guimarães. Estão indiciados por sequestro qualificado, homicídio e furtos, entre outros crimes. Entre os detidos estão dois advogados que representaram a vítima em vários processos judiciais e chegaram a ser seus sócios. Ofereceriam um esquema complexo para empresários em dificuldades esconderem o seu património, colocando-o a salvo da execução de credores.
Porém, os dois advogados — também foi detido um outro irmão economista — burlariam os clientes ficando-lhes com os bens. A PJ suspeita que foi o que ocorreu, tendo sido encomendada a morte do empresário para o silenciar.
O corpo ainda não foi encontrado, mas a PJ está certa de que foi morto poucas horas após ser sequestrado em Braga, à porta de casa, a 11 de Março. Entre o material apreendido estão 250 litros de ácido sulfúrico, um produto altamente corrosivo. A PJ está a investigar a possibilidade de os suspeitos terem usado este ácido para dissolver o corpo da vítima. Até agora, os detidos mantiveram-se em silêncio, não tendo dado qualquer pista às autoridades sobre o que aconteceu.
Hoje, pelas 19h, ainda não tinham começado a ser interrogados pelo juiz, sendo expectável que os interrogatórios continuem esta quinta-feira. Só depois serão conhecidas as medidas de coacção.
Entre os arguidos constituídos neste caso está o advogado Nuno Pinto Lourenço. O jurista confirmou ao PÚBLICO que foi constituído arguido terça-feira quando se apresentou na PJ para representar os dois advogados detidos. Pinto Lourenço, que está acusado num processo relativo a uma fraude de 1,8 milhões à Segurança Social, adiantou que é suspeito de favorecimento pessoal, alegadamente por saber que os clientes cometiam crimes e não os ter denunciado.
Os dois advogados suspeitos são sócios da empresa Monahome. Esta sociedade imobiliária, que detém o património do pai do empresário assassinado, seria controlada pelos dois advogados através de testas de ferro. Entre os alegados donos da Monahome estão alguns dos restantes detidos considerados testas de ferro violentos. Intimidariam e ameaçariam os lesados dos esquemas criados pelos dois juristas.