Polícia Científica e Universidade do Porto unidas contra o crime

Tempo útil ideal de realização das perícias para dar respostas à investigação policial é de 90 dias, de acordo com o Laboratório de Polícia Científica da PJ.

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Celso Cunha no seu laboratório; ao lado, células hepáticas humanas infectadas pelo vírus D (os pontos amarelos assinalam locais de acumulação do vírus no núcleo das células) Miguel Manso

O director do Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária acredita que o protocolo assinado esta terça-feira com a Universidade do Porto venha a contribuir para dar mais respostas em tempo útil às investigações policiais e ao sistema judicial.

Promover respostas periciais em tempo útil - a média cifra-se em 90 dias (três meses) - é um dos desafios que o Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária (LPC-PJ) propôs esta terça-feira à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), aquando a assinatura de um protocolo de cooperação entre as duas instituições.

Em entrevista à Lusa, à margem da assinatura do protocolo de cooperação, o director do LPC-PJ, Carlos Farinha, explicou que "90 dias" é o "tempo útil" para dar respostas periciais que possam sair a tempo para a investigação policial e, desta forma, dar apoio ao sistema judicial e fazer serviço público.

Carlos Farinha considera que as respostas têm de corresponder à investigação criminal e, por exemplo, numa perícia sobre toxicologia (ciência multidisciplinar que tem como objecto de estudo os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os organismos) os "resultados devem ser imediatos".

Hoje os cenários de crime transmitem muita informação, conta Carlos Farinha, referindo, todavia, que depois da recolha é preciso interpretar os dados recolhidos e é aí que também entra o desafio da investigação científica, a par da investigação forense, e daí o protocolo desta terça-feira com a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) ser importante.

"Estamos gratos pelo eco que encontrámos na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. (...) É um ponto de partida para o que queremos fazer e um ponto de chegada para serviço público", disse Carlos Farinha na cerimónia de assinatura do protocolo esta terça-feira à tarde no Porto, no edifício principal da FCUP.

O LPC-PJ tem como "principal função responder através de resposta pericial e tem que incorporar conhecimento com padrões seguidos pela ética, autonomia, busca de conhecimento (...) para melhorar e para dar respostas que contribuam em tempo útil e possam dar apoio ao sistema judicial", referiu aquele responsável.

"Nenhuma instituição pode viver de janelas fechadas. Temos de ter capacidade de abrir janelas que se traduzam em serviço público", defendeu Carlos Farinha, acrescentando que a ciência forense pode aproveitar o trabalho da investigação científica para haver, por exemplo, "padronização dos resultados".

Este protocolo é mais um na sequência de uma "estratégia de alianças" que o LPC-PJ tem vindo a celebrar com o conhecimento científico, designadamente com as Faculdades de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade de Coimbra ou com o Politécnico de Leiria ou com a Universidade da Madeira.

O diretor da FCUP, António Fernando Silva, desejou esta terça-feira, por seu turno, que este protocolo fosse "o primeiro de múltiplos" com a Polícia Judiciária, referindo que a faculdade que representa vai fazer "todos os esforços para receber a confiança do LPC-PJ.

"É uma estrada de confiança que exige tempo", admitiu António Fernando Silva, referindo que a FCUP tem "capacidade científica e técnica" que pode ser dirigida para o LPC-PJ.

O Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária recebe por mês cerca 2.500 pedidos de investigação de todo o país e emite 30 mil respostas por ano.

A análise de areias e terras em cenas de crime para determinar onde andaram os ladrões é uma das áreas de investigação forense em que Universidade do Porto e Polícia Judiciária vão cooperar.

Uma das áreas que a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) investiga é "a análise de solos e areias", contou à Lusa António Fernando Silva, diretor da FCUP, referindo que essa é uma das áreas de investigação que faz parte da "primeira adenda" do protocolo hoje assinado.

O protocolo tem como objeto a cooperação entre a FCUP e LPC-PJ no domínio da investigação forense, seja nos domínios das tecnologias de base geológica, como nas áreas da química, física, biológica, bioquímica, ciências de computação, escritas manuais e exame de documentos.