Paulo Portas é o mais recente comentador da TVI. Nada que não estivéssemos à espera, certo. Mas acaba por ser como apanhar uma bebedeira: tu sabes o que te espera mas, no dia a seguir, ficas sempre mal disposto na mesma. Eu estou deveras mal disposto.
O ex-líder do CDS vai surgir semanalmente no Jornal das 8 e, de acordo com palavras do próprio, será num formato "um pouco fora do normal".
Duas observações quanto à citação supramencionada. Fora do normal seria se o jornalismo não ficasse constantemente de calças em baixo para favores políticos, fora do normal seria a inexistência de contratos milionários para "senhores" que têm tanta responsabilidade nos anos de má governação que se sucederam em Portugal como eu tenho de ainda não ter trocado uma lâmpada que está fundida há mais de uma semana cá em casa. Infelizmente, tudo isto já é normal. Calma, esta foi só a primeira observação. A segunda é mesmo quanto ao formato que, aparentemente, não vai ser similar ao anterior espaço de comentário do professor Marcelo, em que acontecia o tradicional pergunta-resposta entre o jornalista e o "opinion maker". A minha sugestão é um "Chroma Key" no fundo do oceano, dentro de uma embarcação especializada para funcionar submersa. Sim, um submarino, já que o pagámos pode-se, finalmente, arranjar-lhe um desígnio.
Esta notícia traz uma lufada de ar fresco ao nosso processo democrático visto que, em 2016, já se preparam as eleições presidenciais de 2026. Dez anos de antecedência. Temos fórmula vencedora. Já resultou uma vez, não fechem as portas ao Paulo, deixem-no passar que ele vai com tudo.
No último congresso do CDS, que foi também a sua despedida da liderança do partido, Paulo Portas disse: "Não se preocupem com a pergunta 'o que é que ele vai fazer daqui a dez anos'. No mundo em que nós vivemos, qualquer especulação superior a seis meses é no mínimo atrevimento".
Caro Paulo, preocupo-me, preocupo-me muitíssimo, porque o que você quer sei eu. No mundo em que nós vivemos, o seu novo espaço de comentário é, no mínimo, uma vergonha irrevogável.