Ministro manda averiguar casos de doentes sem quimioterapia no Barreiro

Três doentes com cancro não fizeram quimioterapia depois das cirurgias porque o Hospital do Barreiro deixou ultrapassar o chamado tempo útil e depois disso o tratamento não tem eficácia.

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Os três doentes em causa foram operados no Hospital do Barreiro Pedro Cunha (arquivo)

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, anunciou neste sábado que pediu à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde e ao Hospital do Barreiro que esclarecesse os casos de doentes oncológicos sem tratamento.

Falando aos jornalistas à margem do encerramento do 8.º Encontro Nacional das Unidades de Saúde Familiar, que decorreu em Aveiro, o ministro afirmou aguardar o esclarecimento do hospital, "que tomou logo a iniciativa de diligenciar nesse sentido internamente", e da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, a quem pediu uma averiguação.

A SIC noticiou que três doentes oncológicos não fizeram quimioterapia depois das cirurgias porque o Hospital do Barreiro deixou ultrapassar o chamado tempo útil e depois disso o tratamento não tem eficácia.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o conselho de administração do Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) confirmou "a existência de três situações em que não terão ocorrido, em tempo, os tratamentos oncológicos coadjuvantes, por perda da janela terapêutica útil", referindo que vai avançar com um inquérito externo.

O centro hospitalar salienta que os doentes fizeram o tratamento principal e encontram-se a ser seguidos pelos serviços hospitalares adequados, "não podendo concluir-se desde já que tal evento terá comprometido o seu seguimento". A administração refere que apenas teve conhecimento da situação do dia 12 de Maio e que vai avançar com um inquérito externo.

"O Conselho de Administração do CHBM lamenta o sucedido e informa que vai pedir um inquérito externo, com vista ao completo esclarecimento da situação", frisa.

No documento, a administração anuncia que a actual responsável da Unidade de Oncologia tem em curso, com a participação da Comissão Oncológica do Centro Hospitalar, a criação de novos mecanismos. "Estes mecanismos visam garantir a melhor prestação dos cuidados aos doentes seguidos na instituição e a adopção de medidas preventivas apropriadas, optimizando o processo desde o diagnóstico às Reuniões de Decisão Terapêutica e vários tratamentos, que evitarão ocorrência de situações similares", concluiu.

Adalberto Campos Fernandes classificou como "inaceitável o que é indiciado", alertando, no entanto, para a necessidade de prudência para não haver juízos precipitados, antes de ser devidamente averiguado o que se passou.

"Sabemos que temos um Serviço Nacional de Saúde de grande dimensão e qualidade que, infelizmente, é pontuado aqui e ali por circunstâncias que não deviam existir. Vamos fazer tudo para que cada vez menos episódios destes possam ocorrer", comentou. "Temos de melhorar todos porque a confiança que os portugueses têm no Serviço Nacional de Saúde não pode ser abalada por este tipo de acontecimentos", concluiu.