O que Marcelo pensava sobre escolas públicas e privadas em 2010

Quando Isabel Alçada queria reduzir o financiamento a escolas privadas, como hoje propõe Tiago Brandão Rodrigues, Marcelo questionou a sua solução. Seis anos depois, chamou-a para sua conselheira em Belém

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Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre contratos de associação quando era comentador Miguel Silva

Dezembro de 2010, dia 12, 21h21. Marcelo Rebelo de Sousa fazia 62 anos em directo, na antena da TVI, e era surpreendido pelos parabéns da equipa, na pessoa do jornalista Júlio Magalhães. Esse momento só é importante hoje porque o Presidente Marcelo tem resistido a fazer declarações públicas e claras sobre o tema que havia comentado, minutos antes, nessa noite: contratos de associação.

Hoje, no Terreiro do Paço, local onde participou nas Comemorações do Dia Paralímpico, Marcelo foi vago. Manifestou-se "esperançado" que, com "diálogo" e "convergência de posições", se alcançará "previsibilidade", "certeza" e "estabilidade" em torno dos contratos de associação envolvendo os colégios privados. Também há declarações recentes a esse propósito no Expresso deste sábado, onde Marcelo Rebelo de Sousa diz que “Governo e escolas têm de falar e encontrar solução rápida”, porque “é preciso estabilidade” na Educação.

Em 2010, porém, a opinião do comentador ficou registada para memória futura. “É um problema que está a atravessar a sociedade portuguesa”, começou por dizer, respondendo à questão de uma telespectadora. “Eu sinto que há sectores ligados à igreja católica, nomeadamente, muito empenhados nisso, muitas escolas privadas e cooperativas. Eu já aqui disse que tem de haver bom senso no tratamento de ensino privado que desempenha funções onde não há ensino público, ou que desempenhou durante anos funções onde não havia ensino público”.

Além de apelar ao bom-senso, Marcelo também e mostrou, como agora, preocupado com a instabilidade criada pelo anúncio do Governo de que os contratos terminariam nesse mesmo ano lectivo. “A ministra da Educação já disse que não quer acabar com os contratos de associação. Mas a verdade é que eles acabam todos no final do ano lectivo e depois vão ser encarados, aparentemente, ano a ano. Ora, quem sabe o funcionamento de uma escola sabe que isso não dá. Para programar o funcionamento, para contratar professores, para fazer planos para o futuro, não se age sem saber se daí a um ano [a escola] está aberta ou está fechada”, disse o professor.

Para Marcelo, a maneira de dar a volta à questão era exercer pressão no Parlamento, junto do Presidente da República, mas sobretudo junto do Governo. “Levar a ministra da Educação, como pessoa sensata, a, quando chegar ao fim do ano lectivo, não ir para uma solução que não está à altura da visão e da inteligência dela”, concluiu.

Facto curioso: a ministra sensata e inteligente a quem era preciso fazer mudar de ideias quanto ao financiamento do ensino privado chama-se Isabel Alçada e é hoje, seus anos depois, conselheira de Marcelo Rebelo de Sousa para assuntos de Educação. 

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