Rui Chafes leva-nos até ao céu

É a primeira grande intervenção de Rui Chafes numa igreja em Portugal. O artista, Prémio Pessoa 2015, sobe umas escadas com todo o peso do mundo na Igreja de São Cristóvão. Há escuridão, leveza, levitação, e um material inusitado para o escultor do ferro.

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Ascensão I está no centro da igreja em frente ao altar-mor Enric Vives-Rubio

Já vindos da rua da Madalena, passamos debaixo de um arco para subir as escadinhas de São Cristóvão que têm o mesmo nome da igreja a que nos dirigimos. Começa aqui a subida para o Castelo de São Jorge e o mais fácil é vencer degrau a degrau a topografia desta colina de Lisboa. O que não falta na Mouraria são ruas que tomam a forma de escadas.

Chegamos à Igreja de São Cristóvão, que tal como a Sé de Lisboa tem antes da porta do templo uma galilé a que se acede através de novas escadas. Mais um par de degraus antes de se entrar, e encontrarmos no centro desta igreja do século XVII, das poucas que sobreviveram ao terramoto, umas enigmáticas escadas de mão posicionadas de uma forma totalmente vertical em relação ao chão. O salão da igreja está livre, vazio, porque foram retirados os bancos em que normalmente nos sentamos para ouvir a missa.

As escadas parecem utilitárias mas rapidamente se revelam impossíveis de subir. Seguras por vários cabos, descobrimos então que estão suspensas a uns bons centímetros do chão. São de metal pintado de preto e erguem-se muito direitas enquanto ouvimos as badaladas das 11h da manhã.

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Rui Chafes na penumbra da porta da Igreja de São Cristóvão, na Mouraria, Lisboa: “Pôr o que seja no mundo, no fundo é isso que os artistas fazem, é um esforço enorme” Enric Vives-Rubio

Entram vários turistas, que até chegarem os folhetos traduzidos em inglês, prometidos para breve, seguem o percurso da exposição de Rui Chafes, intitulada Ascensão, sem perceberem, provavelmente, que estão no meio da operação Arte por São Cristóvão, um projecto que pretende reabilitar a igreja e o respectivo recheio com o apoio do orçamento participativo da Câmara Municipal de Lisboa. A exposição de Chafes faz parte de um conjunto de quatro intervenções artísticas, que durarão até final de Julho, e é a face mais visível da operação que tem como missão recolher fundos no valor de um milhão de euros.

“O Paulo é quem manda nisto tudo”, explica no dia da inauguração, com a casa cheia, o padre Edgar Clara, brincando com o comissário da exposição, Paulo Pires do Vale. “É um projecto de arte para recuperar a arte. A arte contemporânea para recuperar a arte que chegou até nós. O Rui conseguiu de uma forma muito particular realçar aquilo que existia e que estava aqui colocado. A obra realça o tecto e as paredes.”

Depois, com o mesmo tom irónico, Edgar Clara introduz o tema da fé, “porque os padres acreditam mesmo que Deus existe…”. “Hoje é Dia da Espiga, Dia da Ascensão. Alguns chamam-lhe coincidência, eu chamo-lhe Deus, chamo-lhe Providência.”

Nada foi planeado, insistem artista e comissário, mas a exposição Ascensão abriu ao público, segundo o calendário cristão, na Quinta-Feira da Ascensão, que celebra a subida de Cristo ao céu depois da ressurreição.

Pela dúvida

Temos o mapa do percurso na mão mas fazemos batota, porque estivemos aqui dias antes, na inauguração, e queremos voltar ao Coro Alto, para ver de cima a escultura em forma de escada. Entretanto, junta-se Rui Chafes, depois da sessão com o fotógrafo do PÚBLICO e de uma conversa sobre como captar as esculturas na escuridão.

Trabalhar em espaços religiosos, diz, “é extremamente difícil". "E nunca tenho a certeza de o fazer bem." Foi também por aí, pela dúvida, que começou o seu discurso quando recebeu, no mês passado, o Prémio Pessoa 2015, que pela primeira vez distinguiu um escultor.

Recebê-lo fez Rui Chafes meditar sobre o papel dos artistas na sociedade, e lembramo-nos várias vezes desse discurso escrito em Abril quando falamos com o artista dos desafios da arte contemporânea, que passam também pela devolução da arte ao mundo, como voltou a lembrar nas palavras proferidas durante a inauguração de 5 de Maio. “Acredito que o artista exprime o instinto espiritual da humanidade, traduz a tensão do homem em relação ao eterno ou a uma qualquer forma de transcendência”, escreveu o Prémio Pessoa.

Mas intervir na Igreja de São Cristóvão com seis peças é devolver a arte a um espaço já de si ocupado com outras coisas e que é uma jóia da arquitectura religiosa do século XVII, profusamente decorada com talha dourada e pintura barrocas. E apesar de todos os lugares serem condicionados, mesmo aqueles que querem ser neutros como os museus e as galerias, o que interessa ao escultor nos espaços religiosos é que quem os frequenta vem à procura de ouvir uma voz ou na esperança de que a sua voz seja ouvida por alguém. “Entra-se aqui para ouvir a voz de Deus. Essa voz paira por todo o lado em qualquer arquitectura [religiosa], seja numa igreja rupestre em Matera, ou paleocristã, seja numa igreja barroca, gótica ou moderna. A relação com o sagrado, com o divino, baseia-se nessa ideia de voz e isso também me interessa no meu trabalho em geral. Penso sempre que as minhas esculturas não são esculturas no sentido de objectos, nem matéria, mas são sombras e vozes.” Não são formalizações de vozes, claro, “mas uma ideia de uma voz que só algumas pessoas ouvem”, diz-nos sentado num banco do Coro Alto. Talismãs, chama-lhes Paulo Pires do Vale no texto que escreveu sobre a exposição.

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Enric Vives-Rubio
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Enric Vives-Rubio

Esta é a oitava intervenção que Rui Chafes faz num espaço religioso. A maioria delas aconteceu em igrejas no estrangeiro (Alemanha, Bélgica, Áustria, Itália).Se algumas tiveram uma dimensão bastante maior do que esta  como a que vimos em Matera, Sul de Itália, em 2011, onde 20 esculturas se espalhavam por um convento formado por quatro igrejas rupestres –, outras, como a da igreja da Ordem de Malta, em Lisboa, resumiu-se a uma única peça de parede (resume-se, porque é uma peça permanente).

Ascensão será assim uma espécie de estreia de Rui Chafes dentro de um espaço de culto em Portugal – embora já tenha usado vários espaços antigos, como o criptopórtico do Museu Machado de Castro, em Coimbra, no ano passado. É também a primeira individual que faz em Lisboa desde a retrospectiva de 2014 no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, intitulada O Peso do Paraíso.

Para Chafes, as suas seis peças são simples, o que não quer dizer que o artista não tenha feito um longo caminho para aqui chegar. Se parece que as esculturas sempre lá estiveram – o que é comum ouvir sobre a forma de Chafes intervir no espaço antigo –, isso não é produto, nem pode ser, de uma qualquer facilidade, sublinha. “Pôr o que seja no mundo, no fundo é isso que os artistas fazem, é um esforço enorme.”

Esquisso em chumbo

A ideia para este projecto, depois do convite de Paulo Pires do Vale que lhe deu carta branca, partiu das escadas que dão acesso ao Coro Alto onde fazemos a entrevista. Uma estrutura modesta, escondida, que mostra no desgaste dos degraus as pessoas que por lá passaram durante centenas de anos. Foi esse detalhe, “que não é artístico, nem arquitectónico”, que Rui Chafes quis apresentar ao mundo.

Perguntamos se trabalhar o desgaste é um regresso a uma intervenção que parte da ideia de subtração, como em Matera, em que as igrejas eram rupestres, cavernas escavadas na pedra, mas Chafes diz que o que lhe interessa, no fundo, é o gesto: “A minha ideia é sempre tentar fazer esculturas que existam no espaço negativo, ou nesse espaço entre as coisas, ou no espaço de subtracção.” Gestos que criam catalisadores no espaço e no tempo.

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Ascensão I e Ascensão II: em cima, a escada de acesso ao Coro Alto com os panos em chumbo nas bordas dos degraus; em cima ao lado, a escada de ferro preto no centro do salão que é como que a revelação da primeira Enric Vives-Rubio

Nem toda a gente percebe, quando sobe as escadas, que as placas de chumbo que protegem as bordas dos degraus e que pisamos ao subir fazem parte da exposição – Chafes chamou-lhes Ascensão I, enquanto as escadas em frente ao altar-mor são tituladas como Ascensão II.

Com o chumbo o artista apanhou o molde da pedra desgastada e o negativo foi passado a ferro, o material que normalmente Chafes utiliza para fazer as suas esculturas. O resultado é uma forma que podemos descobrir acoplada a cada um dos 20 degraus de Ascensão I ou trabalhada como uma cascata em Ascensão III, uma escultura suspensa que completa a série Ascensão e está colocada contra uma parede amarela antes de acedermos ao Coro Alto.

Voltamos à peça incorporada nas escadas de pedra, que o escultor descreve, visualmente, como um pano tombado, um bocado de pele. Ascensão I não continuará a existir depois da exposição e Chafes diz que a podemos ver como um esquisso. É como assistirmos – dizemos nós  ao processo de trabalho do artista. Um processo de trabalho que pisamos e repisamos.

Rui Chafes chama-lhe também o Santo Sudário das escadas. “Estas escadas são um pouco a face de Cristo. A coisa mais humilde é o caminho para a elevação o caminho para o céu  que é feito pelo peso do humano, pelo desgaste do humano.” O rosto de Cristo não está então no altar-mor, nas pinturas de Bento Coelho da Silveira ou nas esculturas religiosas que o representam, mas nas escadas mais escondidas da igreja.

Não há nenhum Senhor dos Passos na Igreja de São Cristóvão, mas Rui Chafes afirma que não trabalha directamente com símbolos quando lhe perguntamos se pensou na iconografia cristã e mais concretamente nos símbolos da Paixão, em que a escada é figurada no episódio da deposição de Cristo da cruz. 

“Aquela escada de ferro para mim é aquela escada de pedra. Os degraus têm rigorosamente a mesma medida que os degraus de pedra. Não tem nada de simbólico, é realmente uma revelação de uma escada de pedra. É uma escada esquecida nesta igreja toda, mas para mim é a coisa mais importante.”

Se Chafes não trabalha com símbolos, isso não significa que cada pessoa não tenha os seus próprios símbolos. Aquela escada está ali para ser completada pelo trabalho do espectador. E voltamos ao texto do discurso do Prémio Pessoa: “Interessa-me uma arte que resista à interpretação e ao simbolismo, uma arte que nunca deixe de ser uma proposição poética. Não é só o que se vê, é sobretudo o que não se vê. Está lá tudo, atrás e dentro de nós, o visível e o invisível… e o Vazio, que é tudo o que temos. Uma obra de arte está sempre incompleta, estará sempre à nossa espera: são os nossos olhos que a completam, são os nossos olhos que formam e moldam as imagens. As obras realizam-se nos olhos de quem as vê, não apenas nas mãos de quem as faz.”

Descentrar

A grande escada de ferro nunca teve outro lugar a não ser o centro da igreja, entre os púlpitos, uma vez que São Cristóvão é uma estrutura simétrica, diz Rui Chafes. De facto, apesar de a decoração barroca ser muito rica, a Igreja de São Cristóvão foi erguida no chamado “estilo chão”, que como o nome sugere é uma arquitectura depurada, em que há uma simplificação das ordens arquitectónicas clássicas.

“O epicentro desta exposição não é esta escada, mas está deslocado para a escada de pedra. Eu quis um pouco descentrar não só fisicamente como simbolicamente a estrutura da igreja.” 

Rui Chafes evocou no discurso de Abril o filme Andrei Rublev, do cineasta russo Andrei Tarkovsky, para explicar como é difícil colocar arte no mundo. Num dos episódios do filme, conta-se a história de um órfão a quem terá sido passado o segredo de fazer sinos. A verdade é que o rapaz não chegou a aprender a profissão de sineiro com o pai, mas nunca o confessa e, contra todas as probabilidades, acaba por chegar lá sozinho. Foi durante essa aventura, entre “medo e coragem, pânico e confiança”, que o rapaz se tornou artista. “Tal como este rapaz do filme, o artista é o mestre ignorante, diz que é possuidor de um segredo mas não o sabe nominar nem ensinar. Será um iluminado? Será uma fraude, um vigarista? Afirma a todos e contra todos que sabe fazer uma coisa, envolve todos os meios, desesperadamente, mas só ele sabe que ninguém lhe passou esse segredo, é ele que o está a descobrir sozinho. Não conheço metáfora mais bela da arte e do artista.”

Rui Chafes explica que tem sempre o máximo de cuidado quando trabalha num espaço religioso, para não propor nem uma escultura de culto (“Não posso querer fazer parte da cerimónia ou ritual”), nem algo herético. “A arte moderna tem esse campo muito estreito de trabalho entre o ritual, o que se passa aqui, e a heresia. Esse foi um dos motivos aliás da separação da arte e da igreja.” Mas o artista diz que nunca teve medo da participação da escultura na parte ritual e religiosa do mundo. “Sempre a quis perceber.”

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Enric Vives-Rubio

Num dos últimos domingos, Rui Chafes entrou aqui para tratar da luz da exposição e encontrou a igreja vazia com a escultura Ascensão II ao lado de um caixão aberto com um morto. “Eu não queria acreditar. E, de repente, vi um arco incrível: a arte, a vida e a morte. Quantas vezes um artista tem uma obra de arte ao lado de um defunto? Não é uma coisa que aconteça, mas faz parte do mesmo círculo.”

Ascensão e queda

O projecto curatorial de Paulo Pires do Vale é pensado a partir da história de São Cristóvão, o padroeiro dos viajantes. “Ele transporta todo o peso do mundo às costas e nestes tempos em que há pessoas a atravessarem mares interessou-me imenso pensar no homem como um ser em viagem, eterno peregrino sem lugar permanente”, explica-nos o comissário, que antes já mostrou aqui o trabalho  da coreógrafa Madalena Victorino e do artista plástico Francis Alÿs. É essa eterna procura que está no título das quatro intervenções, Não Te Faltará a Distância: “Transportamos connosco o desejo de alcançar algo que nunca chega.”

O nome de Rui Chafes sempre pareceu evidente a Paulo Pires do Vales quando pensou no espaço de São Cristóvão  disse-o na inauguração  e hoje perguntamos-lhe porque é que o artista estava lá desde o princípio, porque é que há essa afinidade do artista com os espaços antigos?

O comissário cita a maneira de Chafes trabalhar os títulos das suas peças, que muitas vezes evocam uma nostalgia de qualquer coisa, apontam para uma distância a que também podemos chamar memória. “Essa coisa que está ausente, ao ser indicada, fica já aqui também. Essa espécie de presença que o Rui por vezes denomina transcendência, outras vezes beleza, surgia como excelente para este projecto.”

Quando começou a juntar os conceitos que lhe interessavam trabalhar na exposição, estava lá a viagem, o peso de São Cristóvão, mas também a leveza. “Fazer uma viagem com peso é insuportável, temos de transformar o que temos em leveza para poder caminhar. A obra do Rui trabalha um material que é pesado, o ferro, mas de uma forma que parece que levita. Ou então coloca-o em situações que nos fazem elevar os olhos. Em vez de apontar para a gravidade, em direcção ao solo, faz-nos elevar o olhar. Muitas vezes as obras do Rui estão suspensas em árvores, no tecto ou nas paredes das galerias. Essa ideia da elevação, da leveza, era evidente.”

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Véu na escuridão da Capela dos Túmulos Alcino Gonçalves

Levitação, leveza, é o que encontramos de uma forma mais directa na peça Véu, uma superfície rectangular que na escuridão da Capela dos Túmulos parece suspensa no ar e cujos pormenores vamos descobrindo, depois de vencer a cegueira, como a cicatriz que rasga o ferro.

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Alcino Gonçalves

Sobre a forma como se move como comissário num lugar de culto, na procura de conseguir um convívio entre igreja e arte contemporânea que não tem sido fácil, Paulo Pires do Vale explica que quis convidar artistas para dialogar com o espaço, mas também para “lutar com ele, para levantar problemas”. “Não me interessava fazer só uma intervenção de arte contemporânea, mas algo que ajudasse, de alguma forma, a fazer uma reflexão sobre o que pode ser hoje o cristianismo.”

Foi por causa do imenso cuidado que teve a olhar para o espaço que Rui Chafes encontrou a escadas, diz Paulo Pires do Vale, “e nelas foi capaz de descobrir a importância do corpo e do peso na ascensão”. Já sabemos, diz o comissário, que o símbolo das escadas é importante na história das religiões – no caso bíblico há a célebre escada de Jacob, por onde os anjos sobem e descem numa ligação entre o céu e a terra , que a relação entre o baixo e o alto é uma tipologia sagrada ancestral, mas aqui a escada é uma forma de resistência, do peso faz-se leveza. “O Rui faz uma escada em que cada degrau tem as marcas desses corpos durante séculos a subir. Não esquece essa presença corporal que nós somos, a dimensão humana. Não são anjos sem corpo que sobem e descem, a subida e a descida são feitas por pessoas de carne e osso. É nessa materialidade que a ascensão se pode dar. É como se houvesse outra forma de ascensão que implica também já uma descida, que assume essa dimensão humana da queda, de ter os pés bem assentes no chão, da política, da sociedade, da atenção ao outro, das condições em que vive.”

A relação com o chão não é só a da gravidade, mas também a da graça, sublinha o comissário. “Ao olharmos para estes degraus marcados pelo esforço da subida, julgo que já não é só uma teoria idealista, platónica, de fuga ao corpo, mas é o assumir dessa experiência humana, e isso acho que é perfeitamente cristão.” Não é uma imagem do cristianismo imediata. “Não vemos nestas peças Cristo, a Virgem ou os santos, não era isso que me interessava aqui introduzir, porque esses já cá estão pintados até à exaustão nestas paredes barrocas.”

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