Trânsito de Mercúrio tramado pelo mau tempo
As primeiras imagens do trânsito do planeta mostram um minúsculo ponto escuro no meio do disco solar.
O trânsito de Mercúrio de 2016 está a ser fotografado em vários pontos do globo. Nas imagens desta segunda-feira, o planeta surge como um pontinho escuro no disco solar. O trânsito, que acontece quando um planeta se atravessa exactamente entre a Terra e o Sol, iniciou-se às 12h12 (hora de Lisboa) desta segunda-feira e só termina às 19h40, durando cerca de sete horas e meia. Em teoria, é possível vê-lo a partir de Portugal continental e dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, mas as nuvens que cobrem o território português estão a dificultar ou mesmo a impossibilitar as observações.
Felizmente, noutras partes do mundo onde o trânsito também é visível – Europa e África ocidentais, as ilhas atlânticas e boa parte da América do Norte e do Sul, que pode observar o trânsito integral – a meteorologia ajudou. E já há fotografias do fenómeno vindas da Índia, da Bielorrússia, da Alemanha e dos Estados Unidos.
O último trânsito de Mercúrio foi em 2006. Por século, existem 13 ou 14 trânsitos de Mercúrio. Este planeta orbita o Sol a cada 88 dias e passa duas vezes por ano entre a Terra e o Sol. Mas como o plano da sua órbita é inclinado em relação ao plano da órbita da Terra, raramente Mercúrio se atravessa exactamente entre a Terra e o Sol.
O primeiro trânsito de Mercúrio deste século foi em 2003. Esse trânsito pôde ser visto em Portugal, ao contrário do de 2006. As próximas datas para observar trânsitos de Mercúrio serão em 2019 e 2032. O astrónomo francês Pierre Gassendi foi a primeira pessoa a observar o trânsito solar de Mercúrio, em 1631, duas décadas após a construção do primeiro telescópio.
Além de Mercúrio, Vénus é o único planeta que oferece à Terra o espectáculo dos trânsitos solares – o último foi em 2012 e o próximo será em 2117. Todos os outros planetas estão mais longe do Sol do que a Terra, o que os impossibilita de passar entre nós e o Sol.
Mercúrio está a uma distância média de 58 milhões de quilómetros do Sol e a Terra está a 150 milhões de quilómetros. Por isso, durante o trânsito, Mercúrio surge 158 vezes mais pequeno do que o Sol e não se consegue ver a olho nu (o que seria extremamente perigoso, porque olhar directamente para o Sol danifica a retina e pode cegar). A única forma de observar este fenómeno é com um telescópio. Mas para isso, é necessário ter um filtro para o Sol ou projectar a imagem numa parede escura.
Preparam-se vários locais no país para se observar o trânsito. Mas o mau tempo veio trocar as voltas ao trânsito de Mercúrio.