Prémio Breakthrough Especial para a detecção das ondas gravitacionais

Os três fundadores do observatório que detectou as ondas vão partilhar entre si um milhão de dólares do galardão e mais de mil participantes nesta aventura os restantes dois milhões.

Kip Thorne
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Kip Thorne GARY CAMERON/Reuters
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Rainer Weiss GARY CAMERON/Reuters
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Simulação da colisão de dois buracos negros que criou ondas gravitacionais DR

Os cientistas que ajudaram a detectar as ondas gravitacionais pela primeira vez, confirmando uma das previsões da teoria da relatividade de Einstein, o que constituiu um momento histórico, vão partilhar três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) do Prémio Breakthrough Especial.

Os Prémios Breakthrough para feitos científicos foram criados pelo multimilionário russo Iuri Milner, em conjunto com outros pioneiros na área das tecnologias, incluindo o fundador do Facebook Mark Zuckerberg e o co-fundador do Google Sergey Brin.

Em Fevereiro, uma equipa do Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (LIGO), nos Estados Unidos, anunciou que dois detectores laser gigantes tinham medido pequeninas ondulações no tecido do espaço-tempo teorizadas pela primeira vez por Albert Einstein há um século, pondo fim a uma procura de décadas. Einstein previu a existência de ondas gravitacionais como parte da teoria geral da relatividade, que explica a gravidade como distorções no espaço-tempo causadas pela matéria.

Os três fundadores do observatório LIGO – Rainer Weiss, Kip Thorne e Ronald Drever, que dedicaram grande parte das suas carreiras à detecção das ondas gravitacionais – vão partilhar um milhão de dólares (quase 870 mil euros). E mais de mil participantes no projecto vão partilhar equitativamente os restantes dois milhões de dólares (1,7 milhões de euros) do prémio. “Isso é mais moderno e mais como a física é feita hoje”, comentou Rainer Weiss, professor emérito do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), nos EUA, a propósito da decisão de homenagear toda a equipa. “Não se pode atribuir o mérito apenas a três de nós.”

No anúncio da detecção das ondas gravitacionais, os cientistas disseram que essas resultaram da colisão de dois buracos negros, objectos extraordinariamente densos, cuja existência também é prevista pela teoria de Einstein. Esses buracos negros, ambos com várias vezes a massa do nosso Sol, estavam situados a 1300 milhões de anos-luz da Terra. A detecção das ondas gravitacionais deverá abrir a porta a novas formas de olhar e compreender o cosmos, incluindo os buracos negros, as estrelas de neutrões e os mistérios do Universo primordial, logo após o Big Bang, há 13.800 milhões de anos.

“Para nós os três, que começámos a trabalhar nesta área há meio século, ter conseguido este sucesso da forma que sonhámos é realmente extraordinário e maravilhoso”, disse Kip Thorne, que está reformado do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos EUA. “Estou eternamente agradecido à equipa que o fez.”

Os galardoados serão homenageados numa cerimónia em Dezembro, quando os prémios Breakthrough habituais, atribuídos anualmente nas áreas da física, das ciências da vida e da matemática, também serão anunciados. O Prémio Breakthrough Especial pode ser concedido em qualquer altura para assinalar “um feito científico extraordinário”.

O físico Edward Witten, que preside ao comité de selecção do prémio da física, declarou que a magnitude desta descoberta justificava o reconhecimento imediato. “Quando era estudante, havia muitas coisas da teoria da relatividade de Einstein que pareciam ficção científica. Esta é a primeira vez que vimos em pleno a teoria da gravidade de Einstein em acção.”