Financiamento do Estado Islâmico está cada vez mais debilitado
Os bombardeamentos aéreos e a perda de território estão a prejudicar significativamente a capacidade financeira do grupo jihadista.
O autodesignado Estado Islâmico (EI), uma das organizações terroristas mais bem financiadas e organizadas, que se caracteriza por controlar uma enorme quantidade de território e de recursos, está a enfrentar várias dificuldades na sua capacidade de finaciamento, afirmam vários especialistas.
No último ano, as receitas do grupo baixaram cerca de 30 %, segundo um estudo da IHS, uma consultora na área da defesa. “Em meados de 2015, as receitas mensais do Estado Islâmico rondavam os 80 mil dólares [perto de 71 mil euros]. Já em Março de 2016, as receitas baixaram para os 56 mil dólares mensais [perto de 50 mil euros]”, afirmou o analista Ludovico Carlino.
As causas para as dificuldades financeiras do EI estão relacionadas com várias contrariedades verificadas nas suas fileiras, sendo que os constantes bombardeamentos levados a cabo quer pela Rússia, quer pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, e a perda de território estão a ser determinantes.
De acordo com a publicação CTC Sentinel, especializada em contra-terrorismo, os ataques aéreos dos últimos meses atingiram armazenamentos onde o grupo guardava grandes quantidades de dinheiro (cerca de 707 milhões de euros segundo a coligação internacional liderada pelos EUA).
Os bombardeamentos também estão a afectar significativamente a produção de petróleo. Segundo um relatório da IHS, no ano passado o grupo tinha a capacidade de produzir cerca de 33 mil barris por dia, ao passo que agora a produção fica-se pelos 21 mil. No entanto, a consultora de defesa alerta para o facto de que este declínio poderá ser apenas uma “interrupção na produção”, uma vez que o EI tem capacidade para reparar rapidamente as suas infra-estruturas.
Outra das contrariedades para o grupo jihadista tem sido a dificuldade em conquistar mais território, sendo que está, inclusive, a perdê-lo. Este factor é particularmente importante na medida em que, para além da venda de petróleo, uma das receitas principais do EI provém das taxas que aplica sobre os cidadãos que vivem sob o seu domínio. No entanto, no último ano o grupo perdeu mais de 14 % do seu território, e mais de 8 % nos últimos três meses. A população que está sob o seu controlo baixou dos então nove milhões para os cerca de 6 milhões actuais, segundo o The Guardian.
Perante estas dificuldades, os extremistas começam a procurar métodos alternativos para contrariar as perdas de receitas, que passam, essencialmente, por multas arbitrárias e extorsão. “Aquilo que estamos a ver neste momento é que eles [Estado Islâmico] estão a ficar sem dinheiro e que estão a procurar formas mais criativas para fazer as coisas”, afirmou o vice-marechal Edward Stringer, responsável britânico que está a liderar a campanha contra o grupo jihadista, ao mesmo jornal.