"Árvores" com "wi-fi" que carregam telemóveis? É uma ideia portuguesa
Finalistas da 5.ª edição do concurso Ideias de Origem Portuguesa já são conhecidos. "Árvores" que carregam telemóveis, grupos de brincar comunitários e um programa de literacia e "alfabetização emocional" são alguns dos projectos que podem ganhar 50 mil euros
Criar "árvores" que carregam telemóveis, apoiar casais com filhos recém-nascidos ou promover a brincadeira na rua são propostas do concurso Ideias de Origem Portuguesa, um projecto da Fundação Gulbenkian que vale 50 mil euros. Este ano em quinta edição, a iniciativa, dirigida à diáspora portuguesa, recebeu 53 ideias de empreendedorismo social e escolheu dez para uma lista final, sendo os vencedores conhecidos a 3 de Junho, numa cerimónia com a presença do Presidente da República.
Entre as dez "boas ideias" finalistas deste ano está, por exemplo, um projecto que envolve mulheres pescadoras na protecção das pradarias marinhas do rio Sado, a promoção das brincadeiras de crianças na rua, criando "brinconautas" ou "grupos de brincar comunitários", ou um programa de literacia e "alfabetização emocional", também para crianças. O Lua de Leite pretende "criar uma plataforma de apoio aos pais, para que estes possam ter acesso a cuidados pós-parto domiciliares de baixo custo e de acesso universal em Portugal, inspirado nos existentes em países como o Reino Unido e os Países Baixos", diz também a Fundação em comunicado.
O desenvolvimento da expressão oral dos jovens, uma reflexão sobre o valor do dinheiro ou a promoção do jazz português são outras das ideias, a par da de salvaguardar a construção à base de terra, "ambientalmente sustentável" e com "vantagens térmicas e acústicas". As "árvores" são um produto que associa design e tecnologia e consiste em colocar em espaços públicos urbanos "árvores" com "wi-fi" alimentadas por painéis de energia solar e onde se pode carregar telemóveis e outros utensílios. O concurso tem um prémio de 50 mil euros, 25 mil para o vencedor, 15 mil para o segundo lugar e 10 mil para o terceiro.
As Ideias de Origem Portuguesa começaram em 2011, na sequência do aumento da emigração decorrente da crise económica, explicou à Lusa Luís Jerónimo, do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano, e gestor do concurso desde a primeira edição. O objectivo é, explicou, a colaboração entre portugueses na diáspora e outros em Portugal, mantendo forte a ligação ao país. É "aproveitar este capital de experiência e não deixar que esses laços com o país se percam".
Este ano, os finalistas integram elementos de Espanha, Alemanha, França, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil e Qatar. Segundo Luís Jerónimo, até agora, o júri já analisou 450 ideias e premiou mais de uma dúzia, entre elas "Fruta Feia", em 2013. É, lembrou, uma cooperativa de consumo que começou com esse dinheiro e que hoje se valorizou, já teve um financiamento de fundos europeus e evita o desperdício de toneladas de fruta todas as semanas. A Orquestra XXI foi outra das ideias premiadas no passado: junta músicos portugueses que estão em orquestras do mundo e já agregou mais de uma centena deles. Luís Jerónimo fala com orgulho de todos os projectos vencedores. Lembra, por exemplo, um recente, de utilizar rebanhos de cabras para limpar matas e florestas (que já está no terreno), e explica: "Não estamos à procura de projectos prontos a arrancar, o que procuramos são boas ideias, com potencial".