Não ao Brexit
Nós os países europeus gostamos de contar com o Reino Unido como um dos nossos países. E pronto.
Boris Johnson é um palhaço esperto, indolente e mentiroso. Michael Gove, o colega conservador que acha que o Reino Unido ganharia em deixar de fazer parte da União Europeia, é uma pessoa séria, inteligente e bondosa.
Ambos são conservadores. Johnson é simpático e queque. Gove é empático e plebeu. Johnson é um aldrabão. Gove é genuíno.
Johnson gosta da União Europeia mas finge odiá-la para ver se destrói e substitui David Cameron. Gove acha sinceramente que o Reino Unido seria mais livre e próspero se saísse da União Europeia.
Johnson é um traidor e um oportunista. Gove é uma nacionalista leal. Johnson é um cosmopolita e um europeu. Gove é um provinciano e um inglês.
Johnson é um Trump educado e europeu enquanto Gove é um Larkin prosaico e incapaz de poesia. Ambos são insuportavelmente ingleses, com manias absurdas e imperiais de superioridade.
Quero eu dizer: não são ambos. Johnson (o mau desta sórdida e entediante história) sabe, por conhecimento e pelo respectivo prazer, que os ingleses, escoceses e galeses pertencem à Europa.
Gove, estupidamente, pensa que não. Acha que os ditos "britânicos" são especiais. Terá razão? Nao se sabe.
Sim, são especiais. Sobretudo porque nós, os europeus, precisamos deles. Mas é esta a maior razão de ser que eles têm: somos todos banalmente europeus.
Nem Gove nem Johnson têm - ou poderão alguma vez ter - razão. Nós os países europeus gostamos de contar com o Reino Unido como um dos nossos países.
E pronto.