Governo japonês manda investigar Mitsubishi no dia em que acções caíram mais de 20%
Construtor automóvel recebeu de surpresa investigadores nas suas instalações e terá de disponibilizar novos dados até à próxima semana. Nos EUA, a Volkswagen entregou proposta para compensar clientes.
Na conferência de imprensa em que assumiu que tinha havido manipulação de dados nas emissões de poluentes, o presidente da Mitsubishi, Tetsuro Aikawa, fez o shazan, o gesto de se curvar perante os presentes para simbolizar um sincero pedido de perdão e arrependimento. O gesto é muito apreciado, e levado a sério na tradição nipónica, mas não significa que a assunção de culpa menorize as consequências e os resultados. Na bolsa, as acções da construtora caíram mais de 20%. E às primeira horas da manhã desta quinta-feira, menos de 24 horas depois de Aikawa se mostrar surpreendido, e desiludido, com a manipulação de dados, começaram os raides de investigação às instalações da empresa, ordenadas pelo Ministério dos Transportes japonês.
O Governo exige à empresa um relatório completo sobre a manipulação de dados, que, segundo a Mitsubishi, envolve os testes de emissões de mais de 600 mil carros. O relatório terá de ser entregue até à próxima quarta-feira, 27 de Abril. Também às outras empresas do sector foi pedido um documento que explicite os métodos utilizados nos testes de eficiência.
“Com base na investigação e no relatório da empresa, revelaremos a extensão das irregularidades o mais depressa possível. Vamos lidar com a situação de forma rigorosa, porque queremos garantir a segurança dos carros”, prometeu Yoshihide Suga, secretário chefe do executivo, citado em várias agências internacionais.
Os veículos afectados pela manipulação de testes são todos fabricados depois de 2013 e envolvem quatro modelos dos chamados “miniveículos”, isto porque têm uma cilindrada inferior 660 metros cúbicos. Dois deles eram construídos para a Nissan (os modelos Dayz e Dayz Roox), e segundo as explicações que até agora foram dadas pela Mitsubishi terá sido a própria Nissan que alertou para a disparidade dos dados. E que também alertou para a falta de correspondência entre as performances indicadas e aquelas, de facto, medidas.
VW paga 5000 dólares a cada
Uma outra construtora automóvel que ainda está a enfrentar as consequências do escândalo que, no ano passado, afectou seriamente a sua reputação (também por causa de manipulação de dados) é a alemã Volkswagen. Nesta quinta-feira, a empresa entrega num tribunal norte-americano as propostas para retirar de circulação os veículos com motores a gasóleo manipulados (assumindo os custos de reequipamento dos veículos). Mas a decisão final sobre as medidas a tomar para compensar os clientes só será conhecida em Junho.
A fabricante prepara-se para pagar de indemnização 5000 dólares (cerca de 4400 euros) a cada cliente pelo transtorno causado. Esta é uma proposta para funcionar nos Estados Unidos, onde foram abrangidos mais de 600 mil carros. Ainda não se sabe qual serão as medidas tomadas na Europa. Em todo mundo esta fraude envolveu mais de 11 milhões de veículos.
Segundo o jornal alemão Die Welt, a Volkswagen colocou de lado cerca de 6700 milhões de euros para fazer frente aos custos deste escândalo, que se resume à manipulação dos programas informáticos que medem as emissões de gases. Quer, porém, aumentar esta quantia significativamente.