Polícia macedónia volta a disparar gás lacrimogéneo contra refugiados em Idomeni

Segundo incidente na fronteira com a Grécia numa semana. Mais de dez mil pessoas continuam no campo.

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Os incidentes ocorreram durante uma manifestação de refugiados junto à fronteira Stoyan Nenov/Reuters

Pela segunda vez esta semana, a polícia macedónia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar algumas dezenas de refugiados que se manifestavam contra o encerramento da fronteira, que separa o campo grego de Idomeni do país vizinho e da esperança de seguir viagem em direcção ao norte da Europa.

Testemunhas contam que os manifestantes seriam entre 50 a uma centena e que, no meio dos protestos, alguns se agarraram à vedação, fazendo-a abanar. A reacção não se fez esperar e, além de gás lacrimogéneo, a polícia macedónia detonou granadas de atordoamento, conta um jornalista da AFP.

A confusão no local acabou por serenar alguns minutos mais tarde, quando cerca de 40 polícias gregos se colocaram entre os manifestantes e a vedação – os protestos prosseguiram, ainda assim, mas sem novos incidentes. A algumas centenas de metros dali, o Presidente macedónio, Gjorge Ivanov, e os seus homólogos da Croácia e Eslovénia visitavam o centro de acolhimento de Gevgelija, que depois das enchentes do Outono passado está praticamente vazio.

A tensão em Idomeni acumula-se há vários dias e atingiu um pico no domingo, quando pelo menos 260 refugiados, incluindo mulheres e crianças, tiveram de ser assistidos depois de terem sido atingidos por gás lacrimogéneo e balas de borracha usados pela Macedónia em resposta a uma tentativa de um grupo de manifestantes para derrubar a fronteira.

O Governo grego criticou a actuação da polícia do país vizinho, considerando que o “uso indiscriminado” da força contra “populações vulneráveis” é “um acto perigoso e deplorável”. Skpoje respondeu, acusando a polícia grega de passividade perante o que diz ser a agressividade dos manifestantes.

Quase três meses depois de a Macedónia ter encerrado a fronteira – durante semanas algumas centenas de pessoas ainda foram autorizadas a passar, mas o fecho tornou-se absoluto no início de Março – e apesar de todos os sinais de que a rota dos Balcãs não voltará a abrir-se, mais de dez mil pessoas permanecem em Idomeni, campos de cultivo que deram lugar a um grande acampamento ao ar livre e o Inverno transformou num enorme lamaçal. Ainda assim, os que ali vivem preferem suportar as más condições do campo – as tendas são frias, a comida é insuficiente, as condições sanitárias são péssimas – a ser transferidos para centros de acolhimento noutros pontos do país e pedir asilo na Grécia. Vários dizem temer ser deportados para a Turquia, ainda que o acordo entre a União Europeia e Ancara não se aplique aos refugiados que chegaram ao país antes de 20 de Março.

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