Obesidade no mundo mais do que duplicou em 40 anos
Estudo com a participação de investigadora da Universidade de Coimbra envolveu 20 milhões de adultos de 186 países.
Um estudo sobre obesidade envolvendo 20 milhões de adultos de 186 países concluiu que nos últimos 40 anos a obesidade entre os homens triplicou e que nas mulheres mais do que duplicou.
A investigação, acabada de publicar na revista The Lancet, revela que entre 1975 e 2014 a obesidade entre os homens triplicou (de cerca de 3%, em 1975, para quase 11%, em 2014) e que nas mulheres mais do que duplicou (de mais de 6% para perto de 15%), anunciou nesta segunda-feira a Universidade de Coimbra (UC).
Conduzida pelo Imperial College London, a pesquisa, que contou com a colaboração da investigadora Cristina Padez, do Centro de Investigação em Antropologia da Saúde (CIAS), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, "envolveu perto de 20 milhões de adultos de 186 países".
Os dados relativos a Portugal são "compostos por uma amostra de mais de 820 mil jovens adultos de todo o país, com idades compreendidas entre os 18 e 20 anos, de vários estratos sociais, que participaram nas inspecções militares, no período 1985-2000", refere a especialista do CIAS, citada pela UC numa nota hoje divulgada.
"Mais de um em cada dez homens e uma em cada sete mulheres, em todo o mundo, estão agora obesos", concluiu o estudo.
"Em quatro décadas, a obesidade entre os homens triplicou, de 3,2% em 1975 para 10,8% em 2014" e, "nas mulheres, mais do que duplicou, passando de 6,4% em 1975 para 14,9% em 2014".
Isto é, em 2014, "266 milhões de homens e 375 milhões de mulheres em todo o mundo eram obesos, significando também que a população mundial tornou-se mais pesada em cerca de 1,5 quilogramas em cada década subsequente desde 1975", explicita a UC.
Além disso, 2,3% dos homens e 5% de mulheres de todo o mundo têm a "classificação de obesidade grave, colocando-os em risco acrescido para o desenvolvimento de doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e vários tipos de cancro".
O estudo, que envolveu a Organização Mundial da Saúde (OMS), previu igualmente as tendências globais de evolução da obesidade, indicando que, em 2025, 18% dos homens e 21% das mulheres sofrerão de obesidade, acrescenta a UC.
A pesquisa "mostra um cenário tremendamente assustador, indicando que vai ser praticamente impossível atingir a meta global estabelecida pela OMS no sentido de até 2025 estabilizar os valores da obesidade nos níveis de 2010", salienta Cristina Padez. "Tem de haver uma política global de combate à obesidade por parte dos governos e não centrada apenas nos indivíduos", adverte a investigadora.
A obesidade é "um dos grandes factores de risco para um conjunto vasto de patologias, com custos sociais e económicos brutais para os países", observa a especialista da UC em obesidade.