Mais um caso do jornalismo
À parte um interesse na questão jornalística que serve de base ao filme - a história dos documentos forjados sobre o passado militar de George W. Bush - a única razão para recomendar o filme seria o elenco.
Verdade é a primeira realização de James Vanderbilt, até aqui conhecido como argumentista de alguns títulos célebres, à cabeça o óptimo Zodiac de David Fincher. E é mais um filme na vaga recente – vide o oscarizado Caso Spotlight – de filmes sobre o jornalismo ou episódios jornalísticos. O caso retratado aqui é do mais alto coturno, é a história dos documentos forjados sobre o passado militar de George W. Bush que durante a campanha eleitoral de 2004 enganaram a CBS e um dos seus mais destacados jornalistas, o célebre Dan Rather, que se demitiu quando se tornou evidente que fora levado no embuste. O foco do filme é, no entanto, a produtora do 60 Minutes que também foi borda fora uma vez provada a impostura, Mary Mapes, cujo relato autobiográfico da história serviu de base ao argumento. Cate Blanchett é Mapes, Robert Redford é Rather, e a principal força de “Verdade” é mesmo o elenco, onde ainda vale a pena mencionar Dennis Quaid, Topher Grace ou Stacy Keach. Vanderbilt dirige com sobriedade sensaborona, num registo ilustrativo apenas minimamente eficaz, digno de um telefilme de “reconstituição”.
À parte um interesse na questão jornalística e respectivas implicações que serve de base ao filme, a única boa razão para recomendar o filme seria mesmo o elenco – toda a energia vem dos actores, perante os quais Vanderbilt se prostra, deixando “Verdade” perder-se numa série de “quadros” recridos de forma, digamos, passiva.