Presidente e primeiro-ministro almoçam com Draghi e Carlos Costa

Um encontro a quatro deverá tratar dos temas quentes da banca portuguesa na quinta-feira. Depois, no Conselho de Estado, o presidente do BCE faz uma intervenção sobre a evolução da economia europeia e responde a perguntas.

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Mario Draghi estará menos de 24 horas em Lisboa REUTERS/Yves Herman

Um almoço com a banca no prato: Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro, António Costa, sentam-se quinta-feira à mesa com o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, antes do Conselho de Estado em que os dois altos responsáveis pela finança europeia e portuguesa participam como convidados do Presidente da República.

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Um almoço com a banca no prato: Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro, António Costa, sentam-se quinta-feira à mesa com o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, antes do Conselho de Estado em que os dois altos responsáveis pela finança europeia e portuguesa participam como convidados do Presidente da República.

"É bom que o Presidente do Banco Central Europeu tenha a noção exacta daquilo que se passa em Portugal", disse o Presidente da República aos jornalistas em Oeiras, justificando a presença de Mario Draghi no primeiro Conselho de Estado mas sem confirmar o almoço a quatro. "Eu limito-me a dizer apenas que é importante a vinda do Presidente do Banco Central Europeu pelo papel que tem o banco no quadro das instituições europeias e porque é fundamental que nós tenhamos a noção de que o que se passa económica e financeiramente em Portugal tem a ver com o que se passa na Europa", afirmou, citado pela Lusa.

Num momento em que há temas muito sensíveis na alta finança nacional - como a venda ou nacionalização do Novo Banco; o prazo dado pelo BCE para um acordo no BPI sobre o Banco de Fomento de Angola, sob pena de pesadas multas; ou a necessidade de reforço de capitais no BCP e na CGD -, a ementa do almoço a quatro, noticiado pela TSF e confirmado pelo PÚBLICO,  arrisca-se a ser indigesta.

Se o fardo de Carlos Costa era já pesado, num momento em que o seu papel de regulador volta a ser posto em causa na comissão de inquérito do Banif, agora ficou ainda mais carregado, depois de se saber que 14 dos maiores investidores institucionais internacionais vão processar o Banco de Portugal pela imposição de perdas no Novo Banco.

Mais leve deverá ser, depois, a intervenção que Mario Draghi fará na abertura do Conselho de Estado, marcado para as 15h de quinta-feira. O tema também é espinhoso, mas mais genérico –  a evolução da economia europeia -, e poderá já reflectir o que pensa o presidente do BCE sobre os alertas feitos pela presidente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, sobre a lentidão e fragilidade da recuperação da economia mundial.

Esta primeira reunião do Conselho de Estado convocado por Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República decorre num momento em que está a terminar o semestre europeu, no fim de Abril, e com ele o prazo para o Governo entregar em Bruxelas o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas.

O convite a outras personalidades que não membros do Conselho de Estado para estarem presentes na reunião do órgão de aconselhamento do Presidente da República é raro mas não inédito. A última vez que aconteceu foi em Setembro de 2012, no auge da crise da TSU (Taxa Social Única), quando o então chefe de Estado, Cavaco Silva, convidou o ministro das Finanças Vítor Gaspar a estar presente na primeira parte da reunião, para explicar a polémica medida e responder a perguntas.

Um formato idêntico ao que vai ser seguido nesta quinta-feira: Mario Draghi fará uma intervenção e responderá a perguntas dos conselheiros de Estado. Carlos Costa é convidado apenas a assistir, podendo fazer perguntas, mas não uma intervenção.