Vice-presidente do Brasil Michel Temer deixa liderança do PMDB

Decisão visa proteger o vice-presidente dos ataques dos aliados de Dilma Rousseff, depois de o seu partido decidir romper com o Governo.

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Vice-presidente do Brasil, Michel temer, é acusado pelos aliados de Dilma Rousseff de promover um golpe contra a Presidente REUTERS/Ueslei Marcelino

O presidente nacional do PMDB e vice-presidente do Brasil, Michel Temer, cedeu esta terça-feira a liderança do partido ao senador Romero Jucá, numa jogada política destinada a protegê-lo dos ataques ferozes do Partido dos Trabalhadores e outras siglas da chamada base aliada do Governo pelo rompimento do partido com a Administração e o seu apoio à destituição da Presidente Dilma Rousseff.

Sob pressão para recompor o executivo, na sequência da desvinculação do PMDB e da ordem de demissão dos seus ministros e altos funcionários do Governo, a Presidente esclareceu esta terça-feira que não tenciona avançar com qualquer remodelação antes da votação do processo de destituição (impeachment) pela câmara baixa do Congresso, previsivelmente em meados de Abril.

A “traição” do partido de Temer motivou uma fúria nas fileiras do PT, que exigem as cabeças dos ex-aliados. A troca de ministros do PMDB por membros de outros partidos que podem fortalecer a posição da Presidente na Câmara (o PP e o PR) é defendida pelos petistas. Mas na avaliação de Dilma, é a manutenção dos governantes do PMDB que evita mais dissensões entre os deputados do maior partido brasileiro no momento do voto do impeachment.

No executivo permanecem ainda seis ministros do PMDB, além do vice-presidente Michel Temer: os aliados de Dilma acusam-no de encorajar a rebelião e apoiar o impeachment – processo que descrevem como um golpe – com o objectivo de tomar o poder sem eleições. Mas segundo o Estadão, do Planalto já saíram instruções para o PT “baixar a bola e aliviar a ofensiva” contra o vice-presidente, para evitar que este possa vitimizar-se ou que o partido (que está dividido) decida reunir-se em sua defesa.

A mudança de lideranças no PMDB foi anunciada no mesmo dia em que um dos juízes do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, determinou a ilegalidade da decisão do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, que pertence ao partido, para o arquivamento de um processo de impeachment contra Michel Temer. Na sua argumentação, o juiz nota que Cunha não tinha competência para deliberar sozinho sobre o pedido de destituição do vice-presidente, que foi acusado pelas mesmas irregularidades e crimes orçamentais que motivaram o processo contra Dilma – as célebres “pedaladas” fiscais. A decisão tinha de ser tomada por uma comissão especial de parlamentares, sustentou Marco Aurélio Mello, determinando que Cunha dê seguimento ao pedido contra Temer.

 

 

 

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