Colômbia anuncia início de negociações com a outra guerrilha marxista, a ELN
Negociações devem decorrer no Equador, mas é preciso que o grupo liberte os reféns primeiro.
A Colômbia anunciou a abertura de negociações de paz com a ELN – Exército de Libertação Nacional, a segunda guerrilha de esquerda do país, que vão seguir em paralelo com as que decorreram com a principal rebelião, a das FARC, e que ao que tudo indica estão bem encaminhadas para pôr fim a mais de meio século de conflito armado.
As partes “decidiram iniciar um diálogo público para abordar os pontos previstos na agenda” das discussões, para “alcançar uma Colômbia em paz”, declararam os representantes dos dois lados reunidos em Caracas, na Venezuela.
O Equador será o principal anfitrião das negociações entre o Estado colombiano e ELN, mas terão lugar também em Cuba e no Brasil que, com a Noruega, são garantes da continuação das discussões. Não foram, no entanto, avançadas datas concretas para o início das discussões – o Presidente Juan Manuel Santos impôs como condição a libertação dos reféns pela guerrilha, e até agora apenas dois foram libertados.
“Se iniciar um processo de paz com a ELN, a Colômbia tem a oportunidade de acabar completamente com 52 anos de conflito armado com dois grupos de guerrilha”, resumiu Kyle Johnson, analista do think tank Crisis Group International. A violência já matou mais de 220 mil pessoas na Colômbia e obrigou milhões a deixarem as suas casas.
O ELN, liderado por Nicolas Rodriguez Bautista, conhecido como "Gabino", é um movimento inspirado na revolução cubana e em Che Guevara, com teologia da libertação à mistura, e, tal como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), resulta de uma revolta de agricultores em 1964. Contará com cerca de 1500 guerrilheiros – enquanto as FARC têm cerca de 7000 combatentes, segundo fontes oficiais.
Este anúncio da abertura do diálogo com o ELN surge no momento em que as negociações do Governo colombiano com as FARC chegaram a um bloqueio: o prazo limite de 23 de Março, que se tinham imposto para chegar a um acordo final, passou na semana passada sem que tenham conseguido cumpri-lo.
O Presidente Juan Manuel Santos tem vindo a descer nas sondagens, e é atacado ferozmente pelo seu antecessor Alvaro Uribe, agora senador, que seguia uma política de linha dura contra as guerrilhas.