Seguradora assegura trasladação dos corpos das vítimas de acidente em França
Secretário de Estado das Comunidades, que espera amanhã autorização para trasladação, chega a Lyon na noite desta segunda-feira e tentará desbloquear as autorizações necessárias.
A Liberty Seguros, seguradora da carrinha na qual seguiam os 12 emigrantes portugueses que morreram na quinta-feira num acidente em França, decidiu assegurar a “trasladação dos corpos das vítimas para Portugal”, adiantou nesta segunda-feira a empresa. Em comunicado, a seguradora diz que o faz, antes mesmo das conclusões da investigação ao acidente, “por razões de natureza puramente humanitária e de respeito profundo pela dor dos familiares e amigos das vítimas”.
Tal não implica “qualquer assunção de responsabilidade por parte da Liberty Seguros, quer sobre a existência da cobertura, quer sobre a eventual culpa do condutor do veículo”, realça a empresa. Quando a investigação estiver concluída, a seguradora admite, “se for caso disso, exigir a terceiros eventualmente responsáveis os valores” suportados com a transladação. A Liberty está também a averiguar as causas do acidente, a par da polícia francesa.
O Governo português espera conseguir desbloquear esta terça-feira, junto das autoridades em França, as autorizações necessárias à trasladação dos corpos dos 12 emigrantes que morreram num acidente na quinta-feira à noite naquele país. O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, chegará na noite desta segunda-feira a Lyon, onde tentará agilizar, através dos serviços consulares portugueses naquela cidade, os documentos necessários que autorizam o transporte dos corpos para os funerais em Portugal.
“São necessárias duas autorizações: a do município para o levantamento dos corpos e a da autoridade sanitária. Além do apoio aos familiares, a deslocação [do secretário de Estado] visa ajudar a desbloquear eventuais dificuldades a esse nível. Se tudo correr bem, a trasladação já começará amanhã [terça-feira] ao final do dia”, disse ao PÚBLICO fonte oficial daquela Secretaria de Estado.
O Governo português chegou a disponibilizar o transporte através de um avião da Força Aérea Portuguesa, mas a oferta foi recusada pela maioria dos familiares das vítimas. “A maior parte das famílias preferiu uma logística de transporte mais simples. O transporte em avião significaria contratar carrinhas de agências funerárias para assegurar depois o transporte do aeroporto para as localidades”, acrescentou a Secretaria de Estado.
O condutor da carrinha, um jovem de 19 anos, e o proprietário da empresa de transportes continuam internados num hospital psiquiátrico local, garantiu o comissário das comunidades portuguesas em Lyon, Manuel Cardia Lima. Precisamente devido ao seu estado de saúde, essas duas testemunhas ainda não foram até agora inquiridas pelas autoridades francesas que estão a investigar o acidente, noticiou o jornal regional francês La Montaigne.
O jovem, o único sobrevivente, conduzia uma carrinha com mais 12 pessoas que estava apenas preparada para o transporte de oito. Já o empresário, responsável pela firma de transportes proprietária do veículo, seguia de perto, noutro automóvel, quando o acidente ocorreu.