PSD diz que “não há candidatos imbatíveis” para a Câmara do Porto

“Laranjas” não poupam PS e CDS e dizem que “o apoio dos dois partidos a Rui Moreira faz lembrar as listas da União Nacional”.

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Alternativas a Rui Moreira surgem, por enquanto e apenas, em teoria Nelson Garrido

O recém-eleito presidente da distrital do PS-Porto desafia os que querem uma candidatura do partido à Câmara do Porto alternativa à de Rui Moreira, em 2017, a comparecer e a defenderem essa posição, segunda-feira na primeira reunião da federação liderada por Manuel Pizarro. Embora o partido ainda não ter iniciado o processo das eleições autárquicas. No PSD, sublinha-se que não há candidatos imbatíveis.

Enquanto o presidente da Câmara do Porto vai somando apoios para novo mandato, os socialistas digladiam-se fora dos órgãos do partido. Uns batem-se por uma candidatura própria, outros, cerram fileiras em torno ao independente que em 2013 conquistou a segunda autarquia do país. A candidatura ao Porto é considerado um assunto da “maior delicadeza” e o PS - como sublinhou ao PÚBLICO fonte partidária - não pretenderá abrir brecha com Rui Moreira, pois teme que “esse espaço seja aproveitado pelos partidos da direita para constituírem uma base de oposição ao Governo de António Costa”.

Atento a este processo, está o PSD, que dá nota positiva ao “mandato de Rui Moreira”, embora se bata por um projecto alternativo, porque “é bom para a cidade”. “Vejo com tristeza PS e CDS a acotovelarem-se no apoio a Rui Moreira”, afirma o vice-presidente distrital do Porto do PSD, Firmino Pereira, adiantando que o seu partido “não deve dar neste momento nenhum sinal de apoio” ao actual presidente, porque “não há candidatos imbatíveis”. Com o argumento de que o “Porto é uma cidade democrática e plural”, o deputado defende que “os portuenses não devem ficar circunscritos à fatalidade de Rui Moreira”. “Não ter oposição cheira ao antigo regime antes do 25 de Abril e o apoio dos dois partidos a Rui Moreira faz lembrar as listas da União Nacional”.

“Como grande partido que é, o PSD tem uma grande responsabilidade e deve apresentar um projecto credível e alternativo”, defende o vice-presidente e deputado, que aproveita para deixar um recado: "Espero que o PSD discuta [internamente] o assunto da Câmara do Porto e não faça como o CDS que anunciou de forma inesperada o apoio a Rui Moreira”. E aponta quatro nomes que, do seu ponto de vista, seriam alternativa ao actual presidente: “José Pedro Aguiar Branco (ex-ministro), Paulo Rangel (eurodeputado), António Tavares (presidente da Santa Casa da Misericórdia do Porto) e Emídio Gomes (presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte)."

É com as eleições autárquicas em pano de fundo que o socialista Manuel Pizarro assume as rédeas da principal distrital do partido que no sábado da passada semana realizou o seu congresso sem que ninguém tenha subido ao palco da Exponor a proclamar uma candidatura do PS à Câmara do Porto. No entanto, dois dias depois de legitimou a eleição de Manuel Pizarro, a deputada Isabel Santos disse que vê “com muita dificuldade um apoio do PS, nas eleições autárquicas, ao movimento independente que lidera a Câmara do Porto”, depois de Rui Moreira “ter dito que aceitará o apoio de todos os partidos que o queiram fazer sem que isso condicione em nada o seu programa”.

Consultar militantes
“O PS é um partido estruturante na democracia portuguesa, com uma matriz ideológica definida e enquadradora da sua intervenção nos diversos patamares da acção política. Renunciar a isso, para apoiar uma candidatura independente que afirma, com sobranceria, que não aceitará condicionar em nada o seu programa de modo a alargar a sua abrangência, implicaria abrir mão da sua identidade e do seu espaço político de uma forma absolutamente inaceitável”, escreveu Isabel Santos em artigo de opinião no Jornal de Notícias.

A deputada, que em 2009 disputou a liderança da Câmara de Gondomar a Valentim Loureiro, não está sozinha e Pizarro vai ter de gerir este processo sem abrir demasiadas fracturas internas e, ao mesmo tempo, sem comprometer o apoio do partido à recandidatura do actual presidente. Não pretenderá fazer o erro que o CDS cometeu ao garantir o apoio à recandidatura de Rui Moreira a um ano e meio das autárquicas, porque esse gesto enfraquece a base negocial do PS.

Pizarro critica a “extemporaneidade” da discussão relativamente ao processo eleitoral autárquico, embora tenha sido ele que, de alguma maneira, trouxe as eleições autárquicas para a agenda política ao admitir o apoio do PS a Rui Moreira.

 “A estratégia autárquica em geral e em especial no Porto, que tem uma enorme especificidade, será escolhida e pretendemos auscultar os militantes e os simpatizantes que têm apoiado o PS”, afirma, revelando não ter certezas quanto ao modelo que vai ser seguido. “Ainda não se sabe, pode ser um referendo ou não”, diz, enfatizando que o “debate tem que começar nos órgãos do PS, a começar pela concelhia”.

Declarando que “não se deixará chantagear”, Pizarro refere que os “militantes não têm a sua capacidade diminuída pelo que têm de ser eles a dizer que orientação é que propõem para depois haver uma articulação com os órgãos nacionais do partido”. Aproveita para dizer que a questão do Porto “é demasiado importante e que não pode ser colocada na agenda muito cedo, uma vez que os órgãos nacionais do PS ainda não definiram a agenda para o processo autárquico”.

O deputado e líder da concelhia do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, faz uma “avaliação positiva” do actual mandato autárquico de Rui Moreira e sublinha que o “PS está concentrado em cumprir o mandato em curso”. Ao PÚBLICO, Tiago Barbosa Ribeiro sossega os militantes ao garantir que da sua parte a autonomia política e estatutária da concelhia serão escrupulosamente respeitadas”.

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