Brincar aos conquistadores

Bem inspirado por Joseph Conrad, Hugo Vieira da Silva assina, com Posto Avançado do Progresso, o melhor dos seus três filmes.

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O melhor dos filmes de Hugo Vieira da Silva

Dos seus filmes anteriores, Body Rice e Swans, já sabíamos que o português radicado na Áustria Hugo Vieira da Silva tem um fascínio pelo ritual, pela coreografia, pela encenação. Posto Avançado do Progresso, adaptação livre de um conto de Joseph Conrad, prolonga esse fascínio dentro de um quadro narrativo mais convencional, acompanhando dois colonizadores portugueses deixados por sua conta e risco num ermo distante da selva angolana no século XIX.

Vieira da Silva filma as experiências de Mattos e Sant’anna como um pequeno teatrinho de aparências que não passa de uma ilusão desesperada, a história de dois homens a brincarem aos conquistadores civilizadores num sítio do qual não percebem absolutamente nada. Mas essa ideia de África como um palco ocupado, e a letargia que o realizador consegue fazer passar no ritmo dolente e na fotografia a transpirar de Fernando Lockett, esboroa-se progressivamente numa série de opções menos felizes, com uma duração algo excessiva e a queda num experimentalismo surreal no último terço a fazer soçobrar o filme. Ainda assim, é o melhor dos três filmes de Vieira da Silva, e abre novos terrenos para um cinema que até aqui nos parecia um tudo nada fechado sobre si mesmo.

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