“Obrigado”, diz o Diário Económico na última edição em papel

Jornal mantém apenas edição online e a Económico TV.

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A edição desta sexta-feira do Diário Económico é a última em papel Rui Gaudêncio
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A Económico TV continuará a funcionar DR

A edição impressa do Diário Económico saiu nesta sexta-feira pela última vez para as bancas, depois de a administração ter decidido suspender a publicação do jornal em papel. “É, esperamos todos, uma suspensão temporária”, diz uma nota da administração do jornal, detido pelo grupo Ongoing.

Na capa, a direcção editorial decidiu colocar uma foto de um aperto de mão com a palavra “Obrigado”: “A edição que tem nas mãos é a última desta série em que o Diário Económico é impresso em papel. A direcção editorial, que cessa funções, quer agradecer a todos os leitores, parceiros e anunciantes”, lê-se numa nota da direcção liderada por Raúl Vaz, que destaca ainda o “espírito de missão” e a “capacidade de trabalho” da redacção do jornal.

“A vida desta marca prossegue na Internet e na televisão. A todos, o nosso muito obrigado”, conclui a nota.

A holding que detém o jornal, a Ongoing Strategy Investments, está em processo especial de revitalização (PER) de empresas devido às dificuldades financeiras que o grupo atravessa, há meses a debater-se com problemas de liquidez e falta de dinheiro para despesas correntes.

Os trabalhadores têm salários em atraso e, na semana passada, perante a “ausência de soluções para os constrangimentos às condições de trabalho”, a direcção editorial apresentou a demissão.

“Tenho imensa pena que não tenha sido encontrada uma solução, que pedi em tempo útil”, afirmou nesta quinta-feira ao PÚBLICO o director demissionário, Raúl Vaz, perante a decisão da administração de terminar a edição impressa.

Foi neste quadro de dificuldades que a direcção editorial acabou por apresentar a demissão, a 8 de Março, dizendo não haver condições para continuar a assegurar a qualidade do projecto. O fim da edição impressa (o jornal era publicado de segunda a sexta-feira) chegou nove dias depois.

Há uma semana, na última quinta-feira, os trabalhadores fizeram uma greve de 24 horas. A Económico TV continuou no ar, mas no dia seguinte a edição do jornal não foi para as bancas, nem houve notícias publicadas no site. No dia da greve, os trabalhadores estiveram concentrados em protesto à porta do edifício do jornal, em Alcântara, Lisboa.

O jornal, fundado em 1989, é líder de vendas na imprensa económica (a tiragem no final do ano passado era de 13.195 unidades, segundo dados da Apct, a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação). No online o jornal também está à frente do Jornal de Negócios (em Janeiro teve sete milhões de visitas, segundo o ranking do Netscope).

Os empresários Jaime Antunes, um dos três jornalistas fundadores do Diário Económico, e Horácio Piriquito, antigo administrador e director do jornal, enviaram nesta sexta-feira um comunicado às redacções em que admitem fazer "um esforço conjunto para tentarem ainda salvar o projecto que pertence à Ongoing, reunindo um grupo de investidores qualificados".  

De acordo com a nota, este negócio, a concretizar-se, abrangeria o jornal, o site, o canal de televisão e ainda a actividade das conferências. Jaime Antunes e Horácio Piriquito ressalvam, no entanto, que a operação será "muito difícil de estruturar pelo extremar de todas as condições e pressupostos". 

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