Coreia do Norte condena norte-americano a 15 anos de trabalhos forçados
Estudante de 21 anos foi detido depois de tentar roubar um cartaz de propaganda. Decisão de Pyongyang é mais um episódio na tensão entre o regime norte-coreano e os Estados Unidos.
O Supremo Tribunal norte-coreano condenou nesta quarta-feira o estudante americano Otto Warmbier a 15 anos de trabalhos forçados por “crimes contra o Estado” norte-coreano. O estudante de economia da Universidade da Virgínia foi detido em Janeiro, depois de alegadamente ter tentado roubar um cartaz de propaganda política do hotel onde estava hospedado, em Pyongyang.
No final de Fevereiro, o estudante de 21 anos apareceu na televisão estatal norte-coreana, onde se desfez em lágrimas e assumiu o “maior erro” da sua vida, afirmando que o seu objectivo era “prejudicar a motivação e ética do povo norte-coreano” e que o cartaz de propaganda seria um “troféu”.
Quando foi detido, Warmbier estava a abandonar o país, depois de uma excursão de grupo que durou cinco dias. Já no aeroporto, o estudante foi interceptado e levado pelas autoridades norte-coreanas.
Esta sentença, que a Human Rights Watch considerou como “ultrajante” e “chocante”, surge um dia depois de o antigo governador do Novo México, Bill Richardson, que já viajou anteriormente para a Coreia do Norte, se ter reunido com o embaixador da Coreia do Norte para as Nações Unidas, na tentativa de fazer pressão para a libertação do estudante norte-americano, segundo informações do New York Times.
A Coreia do Norte tem actualmente três cidadãos estrangeiros detidos por “actos hostis”. Para além de Warmbier, está também detido um canadiano de origem sul-coreana, Hyeon Soo Lim, condenado a trabalhos forçados perpétuos por subversão, e um norte-americano, também de origem sul-coreana, acusado de espionagem e que ainda aguarda julgamento.
A sentença de Warmbier coincide com uma escalada de tensão nas relações entre a Coreia do Norte, a Coreia do Sul e os Estados Unidos. O regime de Kim Jong-un foi alvo de novas sanções internacionais por parte das Nações Unidas, depois de ter detonado uma suposta bomba de hidrogénio. Em resposta, Pyongyang disparou mísseis para o mar, numa tentativa de demonstração de força. Perante os exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul, a Coreia do Norte ameaçou lançar um “ataque nuclear preventivo”.