Correia Fernandes defende virtudes do alargamento da ponte Luís I

Vereadores do PSD e da CDU defenderam debate público sobre a proposta que ainda está a ser analisada pela Direcção Geral do Património Cultural

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Nelson Garrido

A proposta de alargamento do tabuleiro inferior da ponte Luís I, para inclusão de plataformas suspensas para peões e ciclistas, está ainda a ser analisada pela Direcção Geral do Património Cultural, explicou esta terça-feira o vereador do urbanismo do Porto, Correia Fernandes, que defendeu a iniciativa de algumas críticas, na reunião de câmara. O social-democrata Ricardo Almeida acusou o município de não promover o debate de uma solução que criticou, por mexer com um monumento classificado, e pôs em causa o eventual “ajuste directo” do projecto à equipa que propôs a solução que está em cima da mesa.

Incluída no rol de propostas metropolitanas para o Rio Douro, a proposta de alargamento da centenária ponte de ferro tem neste momento um ante-projecto, do arquitecto Virgínio Moutinho e dos engenheiros António e José António Campos e Matos, que familiarizados com as dificuldades da travessia do Douro, enquanto ciclistas, apresentaram há meses uma solução, por iniciativa própria. As Câmaras do Porto e de Gaia e a dona desta obra de arte, a empresa pública Infra-estruturas de Portugal concordam com ela, e submeteram-na à análise da Direcção regional de Cultura, que não se opôs e remeteu-a para parecer superior, na Direcção Geral do Património Cultural.

Se for aceite por esta entidade, o ante-projecto será então desenvolvido, de modo a que a solução, que tem um custo estimado de 600 mil euros, possa ser integrada na empreitada de requalificação do tabuleiro inferior da ponte que a Infra-estruturas de Portugal EP vai lançar brevemente, com um orçamento de 1,4 milhões. Mas o vereador do PSD Ricardo Almeida e o comunista Pedro Carvalho consideram que, perante o monumento em causa esta iniciativa deveria ser antecedida de uma ampla discussão pública, tendo o social-democrata criticado, ainda, que a obra se venha a fazer com um ajuste directo do projecto.

Sobre este aspecto, Correia Fernandes lembrou que Luís Filipe Menezes, anterior presidente da Câmara de Gaia e candidato ao Porto na mesma lista de Ricardo Almeida encomendou há uma década propostas de travessias pedonais sobre o Douro, também em ajuste directo, sem que o vereador o tenha criticado. Correia Fernandes não vê mal nessas iniciativas, tendo assinalado apenas que muita da discussão que, desde a década de noventa foi sendo feita sobre possíveis travessias do Douro à cota baixa se centrou nas pontes em si – com “propostas belíssimas” – e pouco na inserção destas nas duas margens, e na rede viária do Porto e de Gaia.

O problema, continuou o arquitecto, é que projectos como o de Adão da Fonseca, em aço, e um outro de alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, conduzido por Álvaro Azevedo, que propunha uma travessia em vidro, mais próxima da Luís I, tinham várias implicações. Para além dos seus custos mais elevados, mexiam com a navegabilidade do Douro, por exemplo. É por isso, assinalou, que esta é a solução “mais doce”, porque é fácil de executar e porque resolve, no imediato, um problema: o enorme aumento do número de turistas que, diariamente, passam o rio neste que é o único atravessamento pedonal e rodoviário à cota baixa entre as duas cidades.

O vereador do Urbanismo tentou sossegar o social-democrata, lembrando que Ponte Luís I que hoje conhecemos é já o resultado de sucessivas alterações, a última das quais realizada para a inserção do metro no tabuleiro superior, que obrigou à substituição de boa parte da sua estrutura e ao alargamento da plataforma, de modo a manter a circulação pedonal. E a proposta de Virgínio Moutinho não faz mais do que replicar o que aconteceu à cota alta, encontrando, no exterior da estrutura, uma solução leve que garante passeios de 2,5 metros para peões, a poente, com vista para a Ribeira, e para ciclistas, que circularão pelo lado nascente.

Concordando com Ricardo Almeida quanto à necessidade de debate, outro vereador do PSD, Amorim Pereira, considerou que esta é uma obra “simples”, que “deve ser feita”. Para o social-democrata, em Portugal “perdem-se tempos infindáveis para resolver problemas candentes”, pelo que, defendeu, a Câmara do Porto deveria impor prazos a estas entidades pois, argumentou, no estado em que está, o tabuleiro inferior da ponte “envergonha as duas cidades”. Já Ricardo Almeida insistiu que a questão das travessias no Douro não deve ficar presa a uma única opinião, a de Correia Fernandes.

No período antes da ordem do dia desta reunião de câmara ficou a saber-se também que das conversas que a Câmara do Porto vem mantendo com a Infra-estruturas de Portugal, que gere os activos da Refer, resultou também um acordo para a reabertura como ecovia do antigo canal ferroviário entre a Alfandega e a Ponte Maria Pia. Há muito que se discute a utilização desta travessia como parte de um circuito pedonal e ciclável ligando as duas cidades, mas Correia Fernandes admite que este troço da antiga linha Alfândega-Campanhã possa abrir ainda antes de ser possível o atravessamento do Douro, pois neste momento, explicou, há gente a fazer o percurso, sem segurança, e importa resolver esse problema.  

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