Pugilistas olímpicos sem protecção nos Jogos do Rio

O "capacete" utilizado desde 1984 vai desaparecer nas provas masculinas. Federação Internacional advoga que os estudos não comprovam a eficácia do equipamento.

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Jacques Demarthon/AFP

Os pugilistas que vão competir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que decorrerão entre 5 e 21 de Agosto deste ano, fá-lo-ão sem protecção na cabeça, algo que acontece pela primeira vez desde 1984. A decisão, que foi tomada pelo organismo que rege a modalidade e já foi aceite pelo Comité Olímpico Internacional, abrange unicamente os praticantes masculinos.

"Estamos profundamente satisfeitos com o facto de os pugilistas não terem de usar protecção no Rio. É algo que os nossos atletas e os fãs de boxe de todo o mundo esperavam", reagiu Wu Ching-Kuo, presidente da Federação Internacional de Boxe Amador (AIBA). 

De entre as várias alterações aos regulamentos aprovadas nesta semana, esta é a mais significativa (juntamente com a introdução dos 10 pontos obrigatórios) e tem o efeito de aproximar a modalidade dos padrões profissionais. Para além de entrar em vigor já nas Olimpíadas, ainda neste ano será aplicada nos Mundiais, em Outubro.

"Na sequência de conversações com os atletas e com o staff médico sobre este tema, estudámos a possibilidade de remover os capacetes. As nossas pesquisas estatísticas e o feedback dos pugilistas e dos treinadores mostram que os resultados para o nosso desporto são os melhores", acrescentou Wu Ching-Kuo.

Embora a medida pareça contraproducente no que toca a prevenir lesões cerebrais, o presidente da comissão médica da AIBA cita diversos estudos que atestam que competir sem protecção diminui o número de concussões. "Não há provas de que o equipamento de protecção provoque uma redução na incidência de concussões. Em 1982, quando a associação norte-americana de medicina tentou banir o boxe, toda a gente entrou em pânico e começou a usar protecção, mas ninguém se preocupou em perceber o que esse equipamento fazia", vincou Charles Butler.

A verdade é que o comité executivo da AIBA acordou, de forma unânime, a utilização do "capacete" nas provas amadoras em Abril de 1984, norma que se manteve durante oito Olimpíadas consecutivas. Mas o equipamento é há muito criticado por difundir o impacto de um golpe e permitir aos atletas continuarem a absorver pancadas na cabeça por um período mais longo. De resto, o "capacete" também não protege o queixo e perturba a visão periférica dos pugilistas.

Ao longo dos anos, a AIBA tem dado passos no sentido de um modelo profissional, sempre sob a liderança de Wu Ching-Kuo, e já lançou duas iniciativas nesse sentido: o World Series e o APB Boxing, que deverá arrancar no Outono. "As decisões não são tomadas de ânimo leve e estamos empenhados em formar as federações, os árbitros, os pugilistas, os treinadores e também os fãs um pouco por todo o mundo", atestou o dirigente.

 

 

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