O que há de tão super nesta terça-feira?

Em todas as eleições primárias para a escolha dos candidatos à Casa Branca pelo Partido Democrata e pelo Partido Republicano há pelo menos uma terça-feira mais especial do que as outras – uma Super Terça-feira (Super Tuesday no original). É o dia em que mais estados votam e em que há mais delegados em jogo. Este ano, a Super Terça-feira calha no dia 1 de Março – e, de forma pouco surpreendente, numa terça-feira.

Porquê terça-feira e não outra feira qualquer?

É um piscar de olho ao dia da semana em que os eleitores dos EUA são chamados a votar para eleger candidatos a cargos públicos, incluindo o Presidente do país. Não há nenhum grande mistério – em Portugal é aos domingos, nos EUA é às terças-feiras. Foi uma decisão tomada em 1845, quando os americanos precisavam de quase um dia inteiro para chegar às mesas de voto, nas suas carroças, e a terça-feira ficava entalada de forma conveniente entre o sábado de trabalho, o domingo religioso e a quarta-feira de mercado em muitas cidades.

A Super Terça-feira calha sempre a 1 de Março?

Não. Depende do calendário definido a cada ciclo eleitoral pelos dois principais partidos, e nem sequer tem de ser em Março – em 2012 foi no dia 6 de Março, mas em 2008 foi no dia 5 de Fevereiro. A partir de meados da década de 1980, alguns estados começaram a perceber que tinham muito a ganhar em termos de exposição mediática se marcassem as suas primárias e os seus caucus num único super dia. Os nomes e o número de estados que vão a votos na Super Terça-feira variam de ano para ano.

Só há uma Super Terça-feira nas primárias?

Depende das eleições. Em 2008, por exemplo, a Super Terça-feira de 5 de Fevereiro foi tão super que jornalistas e analistas tiveram de ligar o acelerador de hipérboles – 24 estados votaram numa Giga Terça-feira, Mega Giga Terça-feira ou Super Duper Terça-feira. Um mês mais tarde, no dia 4 de Março, houve uma modesta Super Terça-feira II, em apenas quatro estados.

Obrigado pela aula de História. Agora já podemos saber o que vai acontecer este ano?

Com certeza. Este ano, o Partido Republicano e o Partido Democrata vão ter primárias em nove estados: Alabama, Arkansas, Georgia, Massachusetts, Oklahoma, Tennessee, Texas, Vermont e Virginia. Os eleitores dos dois partidos também vão ter uma palavra a dizer no Colorado e no Minnesota, mas em caucus (assembleias populares onde se discute muito antes de se votar). Estes caucus vão acontecer no Alaska e no Wyoming, mas só para o Partido Republicano; e no território da Samoa Americana só para o Partido Democrata, que também vai dar início à votação dos eleitores que vivem no estrangeiro.

Quantos delegados estão em jogo?

Quase metade dos necessários para garantir a nomeação no Partido Republicano (595 em 1237) e cerca de 1/3 do total no Partido Democrata (865 em 2383). No Partido Democrata estão também em jogo 150 superdelegados, que têm liberdade de voto na convenção nacional, em Julho, quando finalmente for anunciado o candidato oficial do partido.

Há algum Super Estado nesta Super Terça-feira?

Sim, é o Texas com os seus 252 delegados para o Partido Democrata e 155 para o Partido Republicano.

Quando serão conhecidos os resultados?

Como tudo o que acontece no 4.º maior país do mundo, com nove fusos horários, depende. As primeiras votações encerram à meia-noite de terça para quarta-feira (hora em Portugal continental) e o Alaska fecha a epopeia às 5h da manhã de quarta-feira (hora em Portugal continental).