Ilibe-se o Rúfalo
Ser American é uma das grandes criações e uma das grandes ilusões dos Estados Unidos da América
No site Lipstick Alley alguém diz que foi expulso do site The Solute por ter dito que Mark Ruffalo, que interpreta o jornalista Michael Rezendes no filme Spotlight, não está a fazer whitewashing (usar um actor branco para falsamente representar uma pessoa de uma minoria étnica) porque Resendes descende de portugueses e Ruffalo de italianos, etnicamente semelhantes.
De quem é a culpa? De ninguém. A culpa é da maneira como os EUA tentam desastrosamente classificar os cidadãos e estrangeiros. Não vou fingir que compreendo esta maneira de pensar, até porque não é consistente e vai mudando. Os brancos são caucasian – caucasianos. Os portugueses tanto podem ser caucasian como hispanic. Os brasileiros, segundo depreendo, são mais latinos do que hispanics.
Há americanos com raízes portuguesas que se identificam como hispanic, até por terem sido vítimas de racismo por causa da aparência mais morena.
Há outros que rejeitam a designação de Portuguese Americans e preferem ser apenas Americans. Há também quem não goste de ser considerado hispanic porque acha que portugueses são portugueses e espanhóis são espanhóis. Enfim, há de tudo.
Ser American é uma das grandes criações e uma das grandes ilusões dos Estados Unidos da América, até por roubar o nome a todos os povos da América do Norte, do Centro e do Sul, muitos dos quais são (arcaicamente?) hispanics e latinos.
Em que é que ficamos? Ninguém sabe. Mas cada um sabe de si e é isso que é importante.