Chris Rock não bastou para que as audiências dos Óscares disparassem
Cerimónia foi vista por 34 milhões de telespectadores. É a mais baixa audiência dos últimos oito anos.
Depois de entregues os mais importantes e mediáticos prémios do cinema, fazem-se as contas. Se no ano passado Neil Patrick Harris não convenceu, numa cerimónia vista por 36,6 milhões de pessoas, Chris Rock também ficou aquém do esperado. Nem o seu tão esperado monólogo, implacável com toda a polémica sobre a falta de diversidade em Hollywood, chegou para fazer subir este número. Pelo contrário, a 88.ª edição dos prémios da Academia teve a mais baixa audiência dos últimos oito anos, tendo sido vista por 34 milhões de pessoas.
Efeito do boicote negro aos Óscares, ou não, a gala deste ano não foi só a menos vista dos últimos anos, como em termos absolutos foi a terceira menos vista de sempre, desde que a cerimónia é transmitida em directo em todo o mundo, escreve o site especializado Deadline, citando os números revelados pela Nielsen, responsável pela medição de audiências de televisão. A edição deste ano só ficou à frente da gala apresentada por Steve Martin em 2003, vista por 33 milhões de pessoas, e da gala apresentada por Jon Stewart em 2008, vista por 32 milhões de pessoas.
Da primeira vez que apresentou os Óscares, em 2005, Chris Rock conseguiu uma audiência de 42,1 milhões de telespectadores. Não é possível determinar se o apelo do realizador Spike Lee e da actriz Jada Pinkett Smith – que não só disseram que não iam aos prémios como ainda frisaram que não assistiriam à cerimónia pela televisão e aconselharam todos os que se sentissem ofendidos a fazerem o mesmo – surtiu algum efeito, mas os números não agradam à Academia.
O USA Today lembra, no seu site, que também a cerimónia dos Grammys deste ano sofreu uma queda nas audiências, tendo sido vista por 24 milhões de pessoas, o pior resultado dos últimos sete anos. O jornal norte-americano destaca ainda o fraco resultado em receitas de bilheteira de O Caso Spotlight, que levou o Óscar de Melhor Filme. O filme de Tom McCarthy amealhou cerca de 58 milhões de euros em todo o mundo, 35,7 milhões dos quais em território norte-americano. Das produções com o Óscar de Melhor Filme, só Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow, em 2009, somou menos: 45 milhões de euros (15,5 milhões nos Estados Unidos e no Canadá).
Ao contrário do que aconteceu no ano passado, em que a crítica não apreciou particularmente a prestação do actor Neil Patrick Harris, Chris Rock tem sido elogiado, em especial pela forma como abordou o tema da falta de minorias no cinema, com especial enfoque na falta de actores negros nomeados. Mas os números estão longe da edição bem-sucedida de 2014, que teve como apresentadora Ellen DeGeneres. Nesse ano, os Óscares foram vistos por 43,7 milhões de pessoas.
Apesar dos elogios, Chris Rock tem sido criticado por ter levado ao palco dos Óscares três crianças asiáticas, vestidas elegantemente de fato e laço, tal como se fossem três contabilistas da PricewaterhouseCoopers.
Chris Rock está a ser acusado de perpetuar exactamente os mesmos estereótipos que criticou durante toda a cerimónia. Rock quis fazer uma referência à exploração infantil, mas nas redes sociais as críticas explodiram, com muitos espectadores a considerar inaceitável que três crianças fossem alvo de uma piada. Algo que o apresentador até antecipou: “Se não gostaram desta piada, simplesmente façam um tweet sobre isso nos vossos telemóveis, que também foram feitos por estas crianças."