Ainda sem rival à altura, Trump arranca vitória estrondosa no Nevada

Magnata ganha pela terceira vez consecutiva na corrida dos republicanos para a Casa Branca e avança a passo firme para a "Super Terça-feira". Marco Rubio e Ted Cruz ficaram a mais de 20 pontos de distância.

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O magnata afirma que a corrida republicana pode acabar em breve. Jim Young/Reuters

No momento em que a estrutura partidária dos republicanos anseia por um rival credível que faça frente ao domínio de Donald Trump nas sondagens, os eleitores do caucus no Nevada deram ao magnata a sua mais esmagadora vitória desde o início da corrida à Casa Branca. Trump venceu com 45,9% dos votos, conquistou todas as demografias-chave e superou em mais de 20 pontos os concorrentes Marco Rubio e Ted Cruz, hoje mais condenados a lutar entre si para mostrar quem é que melhor pode vencer o milionário nova-iorquino do que propriamente chegar ao primeiro lugar nas primárias.

É a terceira vitória consecutiva de Trump na corrida republicana e a sua primeira num caucus, que, ao contrário do voto normal, exige que membros do partido se reúnam para discutir as suas decisões – foi num caucus que perdeu no Iowa, para Ted Cruz. Mas o Nevada é mais do que uma nova vitória para o milionário nova-iorquino. É também a prova de que o apelo de Trump não é tão restrito como sugeriam alguns analistas políticos: venceu na terça-feira mais de metade dos eleitores "moderados", metade dos que se identificam como "algo conservadores" e 38% dos que se dizem "muito conservadores".

Trump venceu também a demografia e fez disso um ponto central do discurso de vitória. "Ganhámos com os evangélicos, ganhámos com os jovens, ganhámos com os mais velhos, ganhámos com os que têm mais habilitações, ganhámos com que têm menos habilitações – adoro os que têm menos habilitações", proclamou a uma sala exultante. A audiência explodiu em aplauso quando o mesmo candidato que defende a construção de um muro na fronteira com o México para evitar a entrada de imigrantes "violadores" e "criminosos" anunciou ter vencido também o voto latino: "Número um com os hispânicos! Estou muito feliz com isso."

A corrida do Nevada foi travada a três. Marco Rubio ficou em segundo lugar com 23,9%, mais de dois pontos percentuais à frente de Cruz, que terminou com 21,4%, mas igualmente derrotado. Se Cruz perdeu o voto evangélico num estado a que a sua campanha se dedicou fervorosamente, Rubio mostrou-se incapaz de angariar o voto dos moderados que a saída de Jeb Bush parecia deixar à sua mercê, transformando-o no "menino bonito" do establishment. Muito atrás ficaram o antigo neurocirurgião Ben Carson (4,8%) e o governador do Ohio, John Kasich (3,6%), o único candidato consensualmente moderado – Rubio, como Cruz, nasceu do movimento Tea Party.

"Super Terça-feira"
Trump avança a passo firme e sem rival credível para aquele que pode ser o momento-chave da sua transição de "candidato impossível" para "candidato inevitável". Na próxima terça-feira, dia 1 de Março, os republicanos vão a votos em 12 estados de uma só vez – na prática, só 11 escolhem directamente o candidato republicano, já que o Colorado elege delegados descomprometidos. Estão em jogo 595 delegados no lado republicano, um quarto de toda a eleição primária. Votam predominantemente estados do Sul e as sondagens dão vantagem a Trump em quase todos.

A teoria dominante no establishment republicano é a de que Trump só pode ser derrotado numa corrida a dois e que isso não acontecerá enquanto Rubio e Cruz disputarem o eleitorado. O partido uniu-se nos últimos dias em volta de Rubio – muitos esperam que Jeb Bush apoie oficialmente a sua candidatura nos próximos dias –, mas Cruz não está disposto a abandonar a corrida, principalmente a poucos dias da "Super Terça-feira", a "noite mais importante" das primárias, como disse no seu discurso desta terça-feira.

"A única campanha que venceu Donald Trump e a única campanha que consegue vencer Donald Trump é esta campanha", assegurou aos apoiantes, que pela segunda vez o viram em terceiro lugar. Na próxima terça-feira, Cruz é favorito no seu estado do Texas, de onde espera um importante balão de oxigénio – Rubio, aliás, corre o risco de não vencer nenhum dos 12 estados.

Mas, nas eleições que parecem desafiar todo o conhecimento tradicional sobre as primárias nos Estados Unidos, poucos antecipam uma corrida a dois num futuro próximo. "Não vejo qualquer um dos senadores [Rubio e Cruz], ambos com apoiantes muito determinados, a abandonarem em breve", disse à revista Politico Al Cardenas, apoiante do ex-candidato Jeb Bush. "Talvez depois de 15 de Março. Mas será demasiado tarde para travar Trump?"

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