E se os tampões e pensos higiénicos fossem perigosos para a saúde?

Revista de direitos dos consumidores analisou e alerta: “É necessário avaliar o risco antes de dar luz verde a estes produtos”

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Publicação francesa alertou a Direcção-Geral de Saúde e o governo de Paris Marcos Brindicci/ Reuters

A revista francesa de direitos dos consumidores 60 Millions conduziu uma análise à composição de tampões e pensos higiénicos de 11 marcas e detectou resíduos potencialmente tóxicos em cinco, incluindo nas duas marcas mais vendidas em França, a O.B e a Tampax, também comercializadas em Portugal.

Foram encontrados vestígios de dioxinas (poluentes industriais) nas marcas O.B, Nett e resíduos halogenados (subprodutos relacionados com o processamento das matérias primas) na Tampax. A investigação detectou também glifosato, um herbicida considerado como “provável cancerígeno” por uma agência da Organização Mundial de Saúde, e resíduos de pesticidas em pensos higiénicos. Os níveis de contaminantes encontrados são baixos mas não podem ser ignorados, alerta Jean-Marc Bohbot, especialista em doenças infecciosas e director do instituto médico Fournier, em Paris.

“Na ausência de estudos sobre a absorção sistémica de cada uma destas substâncias pela vagina, não podemos concluir nada”, atesta Bohbot à 60 Millions de Consommateurs, realçando que “a vagina tem uma permeabilidade muito selectiva em função das substâncias”.

A publicação francesa alertou a Direcção-Geral de Saúde e o governo de Paris para a necessidade de regulamentação específica para os produtos de protecção feminina assim como um rotulagem transparente e divulguem os compostos exactos dos seus pensos higiénicos e tampões, em vez de os “esconderem sob pretexto de segredo comercial”.

À TSF, Margarida Silva, professora de biotecnologia na Universidade Católica do Porto e activista contra os Organismos Geneticamente Modificados, explica que o algodão não vem com dioxina, “a substância mais tóxica produzida pela humanidade”. “Pode vir com glifosatos, que é o herbicida tolerante a muitas plantas transgénicas. A matéria-prima já pode vir parcialmente envenenada, depois o branqueamento do algodão, se usar cloro, vai criar dioxinas”.

Mas este não é um caso de rotulagem, defende a professora: “Este é um caso de proibição, de legislação, de intervenção nos processos industriais para garantir que não se deixam este tipo de resíduos que vão afectar muitas pessoas”.

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