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Centro para refugiados em Lisboa recebe primeiros habitantes para a semana

A Câmara de Lisboa inaugurou um centro de acolhimento temporário para 24 pessoas. “Queremos que quem chegue se torne um novo lisboeta”, afirmou o vereador dos Direitos Sociais.

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O palacete fica na Alameda das Linhas Torres Daniel Rocha
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A Câmara de Lisboa inaugurou nesta segunda-feira um Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados, com capacidade para 24 pessoas. A expectativa do município é que este equipamento receba os seus primeiros habitantes já na próxima semana, altura para a qual está prevista a chegada à capital de “seis a oito” refugiados.

Este centro está instalado na freguesia do Lumiar, junto à Alameda das Linhas de Torres, num palacete que é propriedade da Associação de Deficientes das Forças Armadas e que foi cedido à autarquia. A ideia, explicou o vereador dos Direitos Sociais, é que este novo equipamento seja, durante “uma, duas semanas”, a primeira casa dos que chegam a Lisboa na sequência daquela que é “uma das maiores crises humanitárias de refugiados desde a II Guerra Mundial”. 

“Em boa hora o abrimos porque começará a funcionar já na próxima semana”, anunciou João Afonso durante a cerimónia de inauguração. Ao PÚBLICO, o autarca dos Cidadãos Por Lisboa precisou que dentro de alguns dias deverão chegar à cidade “seis a oito” pessoas, que serão encaminhadas para este centro de acolhimento.

Lá dentro, além de dois quartos vocacionados para famílias e outros dois com beliches, a pensar nos que viajam sozinhos, há uma zona de estar, com uma pequena biblioteca e um espaço feito à medida das crianças. No centro há também uma cozinha e um espaço para refeições, bem como gabinetes de trabalho para os técnicos de apoio aos refugiados e uma sala de formação.

Ao seu dispor, aqueles que pernoitarem no edifício terão também “uma sala ecuménica, para oração” e uma sala vocacionada para “atendimento médico, de enfermagem e psicológico”. A visita guiada ao centro, que se revelou pequeno para as muitas pessoas que o quiseram conhecer, terminou no jardim do palacete, no qual o presidente da câmara manifestou o desejo de que os refugiados chegados a Lisboa possam aí encontar “a paz de espírito para um novo recomeço”.

Para Fernando Medina, a abertura deste equipamento significa o cumprimento de “uma obrigação política, ética, mas também moral”, numa altura em que o mundo está a assistir a “uma tragédia sem precedentes em várias décadas”. “Estamos aqui a fazer a diferença, à nossa escala, a não faltar com aquilo que é essencial”, defendeu o autarca.

Já o vereador dos Direitos Sociais lembrou que o município assumiu o compromisso de receber “cerca de 500 refugiados”, tendo para tal delineado um programa de acolhimento no qual estão já envolvidas perto de 80 organizações. Esse programa compreende o acolhimento dessas pessoas (que num primeiro momento será feito no centro agora inaugurado), o seu acompanhamento e integração.

“Desejamos, queremos que quem chegue se torne um novo lisboeta”, afirmou João Afonso, garantindo que Lisboa “está disponível para o auxílio humanitário sempre que a sua ajuda for precisa”. Também o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, entidade que a câmara sublinha ter sido “um indispensável parceiro” neste projecto, se manifestou satisfeito com a possibilidade de alguns dos habitantes deste centro se tornarem “alfacinhas”.

“Isto honra-nos enquanto seres humanos”, constatou Pedro Delgado Alves, que acalenta a expectativa de que o equipamento agora inaugurado vá “ajudar a mudar a vida de muitas pessoas”. “É uma escala, um ponto de passagem, para uma, duas, talvez três semanas, semanas muito importantes na vida das pessoas”, friou o autarca, constando que este poderá ser o primeiro passo para “uma vida normal”.

Além da Junta de Freguesia do Lumiar, que trabalhou na reabilitação dos espaços exteriores do edifício, contribuíram para a concretização deste projecto a IKEA e os Serviços Sociais da Universidade de Lisboa, que doaram móveis para equipar o centro. À porta do palacete, a pensar naqueles que serão os seus habitantes, foi já colocado um tapete onde se lê “Bem-Vindo”.

Segundo foi explicado pelo vereador dos Direitos Sociais na cerimónia de inauguração deste “espaço municipal que tem por missão a defesa dos direitos humanos”, quando o centro de acolhimento temporário de refugiados deixar de se mostrar necessário a intenção é que o espaço venha a receber outros programas da câmara na área social. Por exemplo ao nível da inclusão de pessoas com deficiência, dos idosos, dos jovens, dos estudantes e das vítimas de discriminação.

Além de se ter comprometido a receber 500 refugiados, a Câmara de Lisboa anunciou no fim de 2015 a criação de um fundo de apoio ao seu acolhimento, com uma dotação de dois milhões de euros.

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