Realizador português seleccionado para a Résidence da Cinéfondation de Cannes

Nuno Baltazar é o autor da curta-metragem Doce Lar

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Doce Lar
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Doce Lar

O realizador Nuno Baltazar foi seleccionado para a Résidence da Cinéfondation Festival de Cannes. Todos os anos, desde a sua criação em Outubro de 2000, o programa acolhe uma dúzia de realizadores em residência para que trabalhem no seu projecto de primeira ou  segunda longa-metragem de ficção.  É a primeira vez que um português é seleccionado para este programa que decorre em duas sessões e que tem a duração de quatro meses e meio. O cineasta português irá integrar a primeira sessão de 2016, que tem início a 1 de Março.

Para ser seleccionado enviou a sua curta-metragem Doce Lar, que realizou em 2013/14 e é a sua estreia na ficção, além de ter enviado a sinopse do projecto que pretende agora desenvolver, a longa-metragem Fronteira

A selecção foi feita entre duas centenas de candidatos. Desses o júri escolhe doze para um processo de selecção de entrevistas e desses doze são escolhidos os os seis que estarão na residência em Paris. “Participar na última selecção que foi feita depois numa reunião via skype com o júri dirigido por Gilles Jacob, presidente da Cinéfondation, para mim já tinha sido muito bom. E acabou por acontecer a selecção”, contou ao PÚBLICO Nuno Baltazar. Nasceu em 1976.  

DOCE LAR - Official Teaser from Nuno Baltazar on Vimeo.

Ao longo destes 16 anos passaram pela residência vários realizadores que entretanto deram que falar. O norte-americano Antonio Campos esteve ali em 2006/2007, a sua curta-metragem Buy It Now tinha ganho o primeiro prémio da Cinefondantion em Cannes em 2015 e quando participou no programa terminava o guião do que seria a longa Afterschool. Em 2004 já lá tinha estado o brasileiro Karim Alnouz, o realizador de Madame Satã, e em 2005 o brasileiro Eduardo Valente. O chinês Wang Bing foi seleccionado para o programa em 2004 e a argentina Lucrecia Martel passou por lá em 2001/2002. Em 20011 foi a vez do realizador húngaro Lászlo Nemes, o autor de O Filho de Saúl que está nomeado para melhor filme estrangeiro nos Óscares e estreia em Portugal quinta-feira.

“Aquela residência é uma incubadora de novos talentos “, resume Nuno Baltazar. “E a partir de Março lá estarei”. 

Os residentes dispõem de um acompanhamento personalizado durante o processo de escrita do guião e de um programa de encontros com profissionais da indústria, com vista a preparar a transição para a fase de produção do filme. Recebem também uma bolsa de 800 euros por mês. O projecto em que Nuno Baltazar vai trabalhar é Fronteira. “É a história de um cabo-verdiano que vem para Portugal de forma ilegal para tentar ter uma vida melhor e acaba por arranjar trabalho na construção civil embora ilegal. Durante o filme há um acidente nessa construção e a obra é embargada e como ele é ilegal o chefe dele obriga-o a ficar a viver dentro do prédio em construção até o problema do embargo ficar resolvido. Explora este sentido da própria vida dele estar em suspenso bem relacionado com obra estar também em suspenso”, explica o realizador.

Algumas das cenas serão filmadas em Cabo Verde. “Como ele está num país que não conhece e está completamente desligado da realidade que lhe é mais familiar há várias cenas do filme que são filmadas em Cabo Verde, mas na realidade passam-se na cabeça dele, são visões, momentos de alucinação por todo aquele tempo que ele passa sozinho naquele prédio em construção a viver quase como um sem-abrigo”, acrescenta o Nuno Baltazar que vive em Lisboa e assistiu a uma cena idêntica mas numa escala mais pequena num prédio na sua rua. E assim encontrou uma história que lhe interessa agora contar.

 

 

                                                                                                                                                     

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