América
Os abraços de Kasich contra os muros de Trump
A corrida à Casa Branca entre os candidatos do Partido Republicano tem sido marcada por declarações mais radicais do que é habitual – nunca foi difícil encontrar um candidato com propostas polémicas em outros ciclos eleitorais, mas este ano tem sido mais difícil encontrar um candidato com propostas que não ofendam um qualquer segmento da população mundial.
Por entre as propostas de Donald Trump para a construção de um muro na fronteira com o México (a ser pago pelos mexicanos) e a proibição temporária da entrada nos EUA de todos os muçulmanos (imigrantes, refugiados ou turistas), pouco se ouve do que é dito por um dos candidatos menos populares nas sondagens, o governador do estado do Ohio, John Kasich.
Kasich manteve-se sempre longe dos ataques lançados por Trump, Ted Cruz, Marco Rubio ou Jeb Bush, e chegou a avisar em vários debates televisivos que esses ataques vão levar à derrota do Partido Republicano nas eleições gerais, em Novembro. E, apesar de surgir na cauda das sondagens, recebeu o apoio do jornal New York Times, que recomendou o voto em Hillary Clinton no lado do Partido Democrata.
Na noite de quinta-feira, Kasich teve a oportunidade de mostrar aos eleitores a sua face mais sensível e conciliatória, em comparação com a retórica inflamada dos seus adversários. Durante uma conversa com apoiantes no estado da Carolina do Sul, palco de eleições primárias este sábado, o governador do Ohio ouviu a história de vida de um jovem, emocionou-se e acabou a abraçá-lo, deixando uma mensagem distante daquela que tem sido a imagem de marca do Partido Republicano este ano: “Vivemos depressa de mais. Precisamos de abrandar. Não temos pessoas suficientes dispostas a sentar-se e a chorar com aquele jovem. Não conseguem perceber que esse é o principal problema?”