Açores têm o dobro de casos de tumores da traqueia, brônquios e pulmão

São doenças associadas ao elevado consumo de tabaco na região autónoma. Edição de 2009 do Registo Oncológico Nacional é divulgada esta quarta-feira.

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Doenças estão associadas ao elevado consumo de tabaco naquela região autónoma Publico / Arquivo

Os casos de tumores malignos da traqueia, brônquios e pulmão nos Açores são o dobro dos registados nas restantes regiões de Portugal, sendo também mais elevado o cancro na bexiga. São doenças associadas ao elevado consumo de tabaco naquela região autónoma. Estes dados constam da edição de 2009 do Registo Oncológico Nacional (RON) de todos os tumores na população residente em Portugal, que será apresentado esta quarta-feira em Lisboa.

Dos vários dados que constam do documento, a directora do ROR-Sul, Ana Miranda, sublinhou a distribuição regional de alguns tumores, como os da traqueia, brônquios e pulmão, que atinge “o dobro da taxa de incidência na região autónoma dos Açores”. Ana Miranda recordou que nesta região existe um “consumo de tabaco muito superior [à do continente]”, o qual “não é de agora, porque o factor de risco do tabaco actua muitos anos antes do diagnóstico da doença”.

Igualmente elevada (quase o dobro da registada na região Centro) é a incidência de cancro da bexiga no homem nesta região autónoma, um carcinoma para o qual o tabaco também é factor de risco.

De acordo com o RON de 2009, foram registados 44.605 novos casos de tumores malignos. O cancro do estômago mantém a diminuição que tem vindo a ser registada na última década, embora na região Norte ainda persistam “bolsas onde existe uma taxa elevada “.

Tal como nos anos anteriores, o cancro do cólon continua a merecer a preocupação dos especialistas, que acreditam que em breve poderá alcançar o cancro do pulmão nos homens, o segundo mais frequente, depois do da próstata. Na mulher, o cancro da mama continua a ser o que mais doença e morte causa, seguindo-se o da glândula tiroideia. Também no sexo feminino o cancro do cólon se aproxima, a grande velocidade, do segundo mais frequente.

De acordo com Ana Miranda, na região Sul “o cancro do cólon tem vindo a subir nesta década”, aumentando de 32 novos casos por 100 mil habitantes em 2000 para 42 novos casos em 2010. “O cancro do cólon é uma preocupação porque está muito associado aos hábitos alimentares. Mudámos da dieta mediterrânica — com frutas e legumes — para uma dieta com alimentos transformados, refinados, com mais açúcares, hidratos de carbono, menos consumos de frutas e legumes”, disse. Relativamente ao cancro do pulmão, o documento aponta para uma estabilidade.

Este relatório indica que, em 2009, dos 44.605 novos casos de tumor registados, 24.220 (54,3%) atingiram homens e 20.385 (45,7%) mulheres. A taxa bruta de tumores malignos foi de 422,07 por 100 mil habitantes em 2009. Nesse ano, a taxa padronizada europeia era de 320,26 por 100 mil. A taxa padronizada mundial situava-se nos 232,77 por 100 mil habitantes.