Municípios de Coimbra preferem modernizar linha da Beira Alta a ter nova linha Aveiro – Vilar Formoso

Os autarcas dizem que a sempre anunciada e adiada linha Aveiro – Viseu – Salamanca custa mais de mil milhões de euros. Mais do dobro do que é necessário para recolocar a actual infraestrutura da Beira Alta em condições.

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A linha Aveiro – Vilar Formoso tem dividido o Centro do país patricia martins

Entre cuidar do que já existe ou desenhar riscos no mapa que valem milhares de milhões de euros, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra prefere a primeira hipótese. Os 19 municípios que compõem esta entidade têm marcada para esta segunda-feira uma viagem na linha da Beira Alta, a fim de chamar a atenção para a necessidade de modernizar aquele que sempre foi o principal eixo ferroviário de ligação à Europa e que carece agora de investimento depois de anos em que a sua manutenção foi descurada.

Os autarcas dizem que a sempre eterna anunciada e adiada linha Aveiro – Viseu – Salamanca custa mais de mil milhões de euros, o que é mais do dobro do necessário para recolocar a actual infraestrutura da Beira Alta em condições para servir o Centro e o Norte do país.

E apresentam um argumentário com sete pontos onde desmontam a “miragem” da linha Aveiro-Espanha. Dizem que esta é “um conjunto de intenções vagas desenhadas no mapa”, aquando da cimeira da Figueira da Foz em 2003, sobre o qual não foi feita qualquer análise custo-benefício. Rejeitam ainda que tal projecto seja imprescindível para desenvolver o porto de Aveiro, uma vez que a linha da Beira Alta tem capacidade de sobra para que nela circulem mais comboios de mercadorias.

Por outro lado, não é imprescindível que para servir Viseu seja necessário uma linha directa para Aveiro. Os autarcas entendem que é mais barato construir uma ligação de Viseu à linha da Beira Alta, ficando aquela cidade ligada à rede ferroviária nacional.

A linha Aveiro – Vilar Formoso tem dividido o Centro do país, uma vez que os municípios de Coimbra defendem a modernização da linha da Beira Alta, ao contrário dos de Aveiro que acreditam na construção de um novo eixo ferroviário.

Na sexta-feira o Governo apresentou os investimentos ferroviários para o país até 2020, nos quais o maior bolo (691 milhões de euros) é alocado à modernização da linha da Beira Alta e reabertura do troço Guarda-Covilhã na Beira Baixa.

Esse investimento, vocacionado para o tráfego de mercadorias, prevê aumentar a capacidade da Beira Alta dos actuais 14 comboios de 500 metros de comprimento para 20 comboios de 750 metros. No entanto, actualmente, só circulam três comboios diários de mercadorias naquela linha.

O projecto apresentado pelo Governo prevê que esta modernização se faça mantendo a bitola ibérica (distância entre carris), mas com travessas especiais que permitirão, a qualquer momento (quando Espanha assim o entender), mudar para bitola europeia. Uma solução que deita por terra o argumento de que a linha Aveiro-Espanha seria necessária por causa da bitola europeia.

Ainda assim, o plano apresentado pelo ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, contempla, desenhado no mapa, uma nova linha Aveiro – Viseu – Mangualde, no que será um meio termo em relação à versão anterior do Aveiro-Vilar Formoso. Só que tal projecto carece ainda de candidatura a fundos comunitários.

Os municípios de Coimbra defendem ainda a reabertura da linha Pampilhosa – Cantanhede – Figueira da Foz, para melhor servir o porto desta cidade, e dizem que o porto de Leixões poderia ficar mais perto da Europa se fosse reactivada a linha do Douro, na sua ligação a Espanha, que custaria um quinto do investimento da linha Aveiro – Vilar Formoso.

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