Líder do PP Madrid demite-se devido a suspeitas de corrupção no partido
"Ninguém pensa que ganhei alguma coisa. Nem os do Podemos pensam isso", disse Esperanza Aguirre.
A presidente do Partido Popular de Madrid, Esperanza Aguirre, demitiu-se este domingo e na conferência de imprensa que deu explicou que o fez devido aos casos de corrupção associados à formação de direita.
"A corrupção está a matar-nos", disse, escassos três dias depois de a Guarda Civil ter realizado buscas na sede regional do PP, que está a ser investigado por irregularidades fiscais.
"Temos ouvido notícias de indiscutível gravidade relacionadas com o PP de Madrid. Não devemos considerá-las à partida como certas, não estão provadas, mas a sua gravidade leva-me a apresentar a demissão", disse Aguirre, que continuará a ser a porta-voz dos populares na câmara municipal.
Na prática, apenas antecipou a sua saída, que estava prevista para acontecer em Maio, o mês em que o PP Madrid elege novos dirigentes; já tinha anunciado que não se recanditaria.
A veterana política, que foi candidata à câmara de Madrid nas municipais do ano passado — ficou em primeiro lugar mas uma coligação Podemos/Partido Socialista levou à nomeação da independente Manuela Carmena — assumiu ter responsabilidades no que se passa com o seu partido, mas apenas políticas, ou seja disse não estar envolvida em qualquer irregularidade. Apenas não vigiou o partido como devia. "Ninguém pensa que ganhei alguma coisa. Nem os do Podemos pensam isso", disse.
Apesar de os casos de corrupção que estão a ser investigados envolverem sobretudo o PP — o partido está também no centro do chamado caso Bárcenas, o antigo tesoureiro dos populares, acusado de manter uma contabilidade paralela no partido através da qual pagava subornos a políticos e empresários —, Esperanza Aguirre referiu outros partidos na crítica que fez à corrupção. "Isto da corrupção está a fazer muito mal a todos os partidos, não apenas ao PP. As pessoas não querem mais isto, querem gestos, e o meu é demitir-me para assumir a minha responsabilidade política. Sabendo que não ganhei nada e que não posso ser acusada de nada".
Explicou que a decisão foi pessoal, que não foi pedida pelo partido, apesar de ter falado com o líder dos populares, Mariano Rajoy. Sobre este, que é o primeiro-ministro ainda em funções, disse, quando questionada sobre se também deveria demitir-se: "Ele é que sabe o que deve fazer. Este não é um momento para protagonismos, é um momento para sacrifícios".
Rajoy espera a conclusão do processo de negociações de Pedro Sánchez com vista à formação de um governo; se o socialista fracassar, anunciou, tentará ele formar um novo executivo.