Quando os números dos chumbos são um problema

Taxas de retenção no 12.º ano divulgadas pelo ministério são muito superiores à análise estatística feita internamente pelo agrupamento de Carcavelos.

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No 1.º e 2.º ciclo os chumbos são residuais, mas no secundário o cenário é outro Rui Gaudêncio

O Agrupamento de Escolas de Carcavelos tem-se apresentado como figurando entre os que têm as taxas de retenção mais reduzidas do país. Os números divulgados pelo Ministério da Educação (ME), através do portal Infoescolas, e que são transmitidos pelo agrupamento, dão razão, ao seu director, Adelino Calado, no que respeita ao ensino básico, mas apontam para um cenário totalmente diferente no ensino secundário.

Em 2013/2014, último ano com dados divulgados no Infoescolas, as taxas de retenção no ensino básico oscilaram entre 0% e 7%. Este valor mais alto foi registado no 9.º ano, mas ficou muito abaixo da média nacional de chumbos que se situou nos 15%. Já no 12.º ano, os dados reportados pelo Infoescolas dão conta de uma taxa de retenção de 46,8%, o que coloca a escola entre as 150 que têm uma percentagem de chumbos mais elevadas de um conjunto de mais de 600.

Este valor é completamente diferente daquele que foi apurado, para efeitos internos, pelo agrupamento, onde se dá conta de que a taxa de retenção no 12.º ano em 2013/2014 foi de 15,04%. O director do agrupamento atribui parte desta diferença ao processo de transmissão de informação que “carece de melhoramento”. Já o ME, através do seu gabinete de comunicação, garante que verificou de novo a informação e que “as taxas de retenção mostradas no Infoescolas correspondem exactamente aos dados que a escola reportou ao ministério, em todos os anos lectivos”.

“Por exemplo, nos dados de 2013/14, a escola reportou 94 alunos matriculados no 12.º ano de Cursos Científico-Humanísticos (CCH). Entre estes, 38 alunos foram reportados em situação de ‘não conclusão’ e mais 6 alunos foram reportados como tendo anulado a matrícula, o que dá uma taxa de retenção ou desistência de  46,8%”. Na informação interna do agrupamento refere-se que estavam inscritos 113 alunos no 12.º ano e que chumbaram 17.

A taxa de retenção mostra a percentagem de alunos que não transitam dentro do universo do total de estudantes que se tinham inscrito nesse ano de escolaridade no início do ano lectivo. No Infoescolas, para este cálculo apenas são contabilizados os alunos do ensino regular ou seja, dos Cursos Científico-Humanísticos. Apesar de ainda não existirem dados definitivos validados sobre o ano lectivo passado, o ME acrescenta que a informação provisória transmitida pela escola aponta para que se tenham inscrito cerca de 100 alunos nos CCH do 12.º ano, tendo a taxa de retenção ou desistência sido um pouco superior a 20%, “o que representa uma forte redução em relação aos valores dos anos anteriores”. Em 2012/2013, por exemplo, foi de 59,34%.

Também em relação a 2014/2015, os números que, segundo Adelino Calado, foram apurados internamente divergem, embora menos, dos referidos pelo ME: inscreveram-se 122 alunos no 12.º ano, tendo chumbado 22, o que resulta numa taxa de retenção de 17,1%.

Segundo o director do agrupamento, o grau de exigência no secundário sobe logo a partir dos primeiros dias de frequência do 10.º ano, nomeadamente na atribuição de notas, uma opção que justifica com a necessidade de levar os alunos e famílias a reflectirem se a opção por prosseguirem estudos no ensino regular terá sido a correcta. Quanto ao Infoescolas, lançado no início de 2015, reconhece que o desenvolvimento deste tipo de plataformas “poderá ser fundamental para se perceber melhor todo o processo de ensino/aprendizagem na sua vertente classificativa.”

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