Duas amigas, um fenómeno: Elena Ferrante como série de televisão
Itália está a preparar quatro temporadas a partir da série literária A Amiga Genial.
A tetralogia sobre as dores de crescimento, mistérios e elos da amizade feminina de Elena Ferrante vai ser uma série televisiva italiana - o nome da sua autora é um pseudónimo, o mistério da sua autoria faz parte do élan da série literária que não pára de conquistar novos leitores desde 2011 e agora será adaptada para televisão pelas mesmas produtoras que levaram Gomorra de Roberto Saviano ao ecrã e que produziram o último filme de Paolo Sorrentino, Juventude.
A Amiga Genial, História do Nome Novo, História de Quem vai e de Quem Fica e História da Menina Perdida. Cinquenta anos de história italiana, pobreza, guerra, maldade e bonomia, bairros e Nápoles, Turim, escolas, amores e mulheres numa saga literária que conta a história de Elena Grecco e Raffaella Cerullo ou Lenú e Lila. A Fandango e a Wildside vão produzir, conforme anunciaram terça-feira para gáudio dos fãs, uma série de quatro temporadas, uma por cada volume da série baptizada em Portugal como A Amiga Genial (ed. Relógio D'Água) e cada uma delas com oito episódios.
A produção será financiada por vários players de diferentes países, detalha o Guardian, e ainda não tem data nem elencos associados mas a imprensa italiana escreveu há semanas que o escritor e argumentista italiano (língua em que será falada a série) Francesco Piccolo - que trabalhou com Nanni Moretti em O Caimão e Habemus Papam - era responsável pela equipa de guionistas.
Esta não é a primeira vez que Ferrante, o nome usado por quem escreve os seus romances e que se estima que seja uma mulher italiana, vê o seu trabalho ganhar forma audiovisual. Os Dias do Abandono (2005), de Roberto Faenza, e Vítima e Carrasco (1995), de Mario Martone, são duas longas-metragens italianas que adaptam alguns dos seus primeiros trabalhos para cinema.
Numa entrevista por email ao PÚBLICO em Julho do ano passado, Ferrante explicou que escreveu estas obras a partir da sua experiência. "Daquilo que me foi dado saber e ver da vida das outras mulheres, e que me deixou ferida, indignada, deprimida, alegre". Sobre a sua empedernida defesa da identidade, resumiu: "O único espaço onde o leitor deveria procurar e encontrar o autor é o da sua escrita". Agora, o seu ponto de encontro será com um espectador, e com imagens e palavras tornadas falas num ecrã.