Sindicato diz que adesão à greve na função pública é de 70% a 80%
Paralisação sente-se sobretudo na saúde e levou ao fecho de várias escolas. Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas, afecta à CGTP, fala "numa das maiores greves" registadas em Portugal.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais diz que a greve desta sexta-feira teve durante a manhã uma adesão média entre 70% a 80% e destacou que nas urgências dos hospitais a adesão é superior, entre 90% e 100%.
"Esta greve pode situar-se entre os 70% e os 80%, incluindo os hospitais", disse a coordenadora da Federação, Ana Avoila, numa conferência de imprensa na manhã de hoje em Lisboa, considerando que a "forte" adesão à greve "é a demonstração" de que os trabalhadores "não podem e não querem ser mais enganados".
Ana Avoila começou por saudar "os milhares" de trabalhadores que hoje terão aderido à greve que, segundo a federação, se traduz "numa das maiores greves" registadas em Portugal.
"Na saúde abrangeu hospitais e centros de saúde do norte ao sul do país, embora no Algarve a adesão tenha sido mais baixa", explicou, precisando que em Lisboa e Porto houve hospitais com 100% de adesão à greve e a funcionar apenas com serviços mínimos.
Ana Avoila adiantou que duas cantinas da Universidade de Lisboa foram mesmo encerradas, por falta de funcionários, e que no Centro de Saúde de Sete Rios a adesão terá sido de 90%.
"Saúde e educação são as de maior adesão, houve centenas de escolas encerradas", disse, ressalvando que também se registaram serviços parados na Segurança Social e que na justiça, nomeadamente na Procuradoria-Geral da República, houve uma "boa adesão" à greve.
O Governo enfrentou nesta sexta-feira a primeira greve na administração central e estabelecimentos fabris das Forças Armadas, sentindo-se os primeiros efeitos da paralisação ao início da noite no sector da saúde.
A reposição imediata do horário semanal de 35 horas é a razão da convocação desta greve pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e o Sindicato dos Trabalhadores dos Estabelecimentos Fabris das Forças Armadas.
Embora o Parlamento tenha aprovado na generalidade, no dia 15, os projectos de lei do PCP, Os Verdes, Bloco de Esquerda e PS para a reposição das 35 horas de trabalho na função pública, estes sindicatos não ficaram convencidos, porque temem que a medida só entre em vigor no último trimestre do ano.
A principal diferença entre os quatro projectos de lei, que estão em discussão na comissão da especialidade, está no prazo de entrada em vigor da lei, pois enquanto o partido do Governo remete a aplicação da medida para 1 de Julho, os outros três partidos querem a sua aplicação o mais rápido possível, correspondendo à reivindicação dos sindicatos.