"Nada nos assustará", diz Hollande sobre novo vídeo do Estado Islâmico
Jihadistas publicam pela primeira vez vídeos dos autores dos atentados de Paris em decapitações e treino na Síria e garantem que o Reino Unido será o próximo alvo.
François Hollande reagiu esta segunda-feira a um vídeo propagandístico do grupo Estado Islâmico, dizendo que a França não se deixará intimidar por provocações e prometendo "bombardear mais e mais vezes" os jihadistas na Síria e no Iraque. “O ISIS [acrónimo em inglês] está a provocar-nos da pior maneira possível”, garantiu o Presidente francês, depois de um encontro com o seu homólogo indiano, em Nova Deli. “Nada nos assustará, nenhuma ameaça fará a França duvidar sobre o que tem a fazer na luta contra o terrorismo”, concluiu.
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François Hollande reagiu esta segunda-feira a um vídeo propagandístico do grupo Estado Islâmico, dizendo que a França não se deixará intimidar por provocações e prometendo "bombardear mais e mais vezes" os jihadistas na Síria e no Iraque. “O ISIS [acrónimo em inglês] está a provocar-nos da pior maneira possível”, garantiu o Presidente francês, depois de um encontro com o seu homólogo indiano, em Nova Deli. “Nada nos assustará, nenhuma ameaça fará a França duvidar sobre o que tem a fazer na luta contra o terrorismo”, concluiu.
Hollande referia-se ao vídeo publicado pelos jihadistas na noite de domingo em que nove dos dez presumíveis autores dos atentados de Paris entram em cenas de decapitações e treino militar, presumivelmente na "capital" do grupo na Síria, Raqqa, segundo aponta o grupo de monitorização de actividades terroristas SITE. Parecem confirmar-se as suspeitas de que os elementos que actuaram no dia 13 de Novembro e mataram 130 pessoas passaram algum tempo nas fileiras do grupo. Os jihadistas citam passagens do Corão, ameaçam países da coligação internacional de ataques aéreos e falam de actos de terror “nos Campos Elísios”.
É a primeira vez que o Estado Islâmico publica vídeos dos atacantes e dos crimes que cometeram antes de Paris. No passado referiu-se aos combatentes apenas com fotografias e elegias, ficando sempre de fora, como esta segunda-feira, o fugitivo Salah Abdeslam, que conseguiu sair da capital francesa horas depois dos atentados. Sabe-se que o belga preparou parte do material explosivo e ajudou a planear o atentado, mas a polícia suspeita de que terá hesitado no último momento e decidido não seguir adiante com o seu próprio ataque – foi encontrado em Paris um colete suicida que se pensa ter sido abandonado no lixo por Salah.
O vídeo centra-se sobretudo nos atentados de Paris e seus autores – quatro belgas, três franceses e dois iraquianos que se identificaram como refugiados sírios ao chegarem à Europa –, mas o final reserva-se a uma ameaça explícita contra o Reino Unido e o seu primeiro-ministro, David Cameron, em que são designados como os próximos alvos por terem começado a participar nos bombardeamentos da coligação na Síria. Esta ameaça coincide com o alerta dado esta segunda-feira pelo director da Europol, Rob Wainwright, que diz que o Estado Islâmico desenvolveu "novas ferramentas de combate para efectuar campanhas de ataques de grande dimensão" e que as prepara sobretudo para a Europa.
“Quem estiver nas fileiras dos kufr [descrentes] será alvo das novas espadas”, escreve o grupo no vídeo, mostrando imagens das ruas de Londres e da sessão parlamentar britânica em que se aprovaram os bombardeamentos na Síria. “Estamos presentemente a examinar este último vídeo de propaganda do Daesh [termo em árabe para o Estado Islâmico], uma outra jogada desesperada de um terrível grupo terrorista claramente em declínio”, declarou um porta-voz do Governo britânico esta segunda-feira.
Hollande e o primeiro-ministro indiano discutiram em Nova Deli estratégias de combate ao terrorismo e a venda de 36 caças franceses Rafale, um negócio importante para Paris e envolto em incerteza desde que Narendra Modi encomendou as aeronaves numa visita a França. O primeiro-ministro indiano disse esta segunda-feira que foi assinado um acordo intergovernamental, “com a excepção dos aspectos financeiros” – a compra é apenas uma parte do grande projecto de renovação da Força Aérea indiana, que pretende comprar 126 novos caças por um custo aproximado de 12 mil milhões de dólares.
Os dois chefes de Estado prometeram colaborar no combate ao terrorismo, algo que é importante também para a Índia, como sublinhou Hollande, ao referir o ataque islamista do início do ano a um aeroporto próximo da fronteira com o Paquistão. “A comunidade mundial deve agir de maneira decidida contra os que dão um refúgio aos terroristas, os alimentam financeiramente e lhes dão apoio e treino”, disse Modi.