Vodafone Portugal fora da "guerra" dos direitos do futebol mas focada na distribuição

Líder do operador admite que investimentos da Nos e Meo vão fazer subir os custos, também para os consumidores.

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Mário Vaz, líder da Vodafone Portugal. Nuno Ferreira Santos

A Vodafone Portugal não entra na corrida da aquisição de conteúdos desportivos, nomeadamente no futebol, que tem as rivais Meo e Nos como protagonistas, mas vai a jogo ao nível da distribuição, segundo o seu presidente.

"É necessário separar a temática dos conteúdos em duas questões diferentes. Isto é uma primeira volta. Haverá uma segunda volta. O que aconteceu até agora foi a aquisição de conteúdos desportivos e na segunda volta vai haver a distribuição dos direitos de transmissão", afirmou Mário Vaz, líder da Vodafone Portugal.

E realçou: "Não fomos à primeira volta porque não faz parte da nossa área de negócio".

O responsável garantiu estar "confortável" com os avanços das outras operadoras na área dos direitos televisivos do futebol, destacando que "este conteúdo desportivo é não replicável e, não sendo replicável, tem que ser de acesso universal".

"Nós não estamos nessa área. Nem em Portugal nem lá fora", reforçou o presidente executivo da Vodafone Portugal durante a sua intervenção no jantar debate promovido nesta quinta-feira à noite pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), num hotel em Lisboa.

Questionado sobre os avultados investimentos que têm sido feitos pela Meo e pela Nos na compra dos direitos televisivos dos clubes que actuam nas ligas profissionais portuguesas, que ascendem já globalmente a cerca de dois mil milhões de euros, Mário Vaz considerou que "estes negócios são feitos com racionalidade e para trazer retorno".

O gestor considerou que ninguém investe tanto dinheiro para "comprar só por comprar".

"Isto é comprar conteúdos televisivos, depois há a distribuição de conteúdos", vincou, sublinhando que tem que haver "a preocupação de garantir uma distribuição universal dos conteúdos".

E acrescentou: "Estou convencido de que não haverá necessidade de intervenção do regulador e que haverá acesso por parte de todos os operadores. A sua não-existência poria em causa a capacidade competitiva."

Mário Vaz exemplificou com uma qualquer família portuguesa que tenha dois dos seus membros de clubes diferentes e que, caso não haja acesso universal às transmissões de jogos de futebol, teria que ter dois serviços de operadores diferentes na mesma casa, duplicando a oferta de canais, mas também de telefone e internet.

"Isto não faz qualquer sentido", rematou.

Ainda assim, o líder da Vodafone Portugal alertou que os custos relacionados com as transmissões de jogos de futebol, face ao forte investimento dos operadores nos seus direitos, "serão substancialmente superiores do que aqueles que hoje existem".

Isto, quer para os distribuidores, quer para os consumidores.

"Percebo que não vou ter o mesmo preço unitário que tenho hoje", assinalou, considerando que, em última instância, os consumidores também vão ter que pagar mais por este serviço.