Dois gigantes da imagem britânica juntam-se para o retrato a 11 de Fevereiro: a National Portrait Gallery recebe a exposição Vogue 100 - a Century of Style, que mostra mais de 280 imagens feitas para a edição britânica da revista, que comemora este ano o seu centenário. Fotografia de moda, é certo, com tudo a que uma análise superficial pode escapar - o trabalho de alguns dos mais influentes fotógrafos do mundo, a marcação de momentos históricos como a II Guerra Mundial ou do youthquake dos 1960s, o registo cuidadosamente curado de alguns dos maiores criadores de moda de sempre como Christian Dior, Yves Saint Laurent e Alexander McQueen. Lee Miller como fotógrafa de guerra, nos campos de concentração ou nos banhos de Munique usados por Hitler, Kate Moss em versão heroin chic por Corinne Day, a deliciosa encenação de Cecil Beaton, a sensualidade de Helmut Newton, o trabalho seminal de Irving Penn, a emergência do precursor do fashion film Nick Knight, e tantos outros grandes nomes e autores de imagens emblemáticas como David Bailey ou Patrick Demarchelier, Herb Ritts, Mario Testino.

“A Vogue britânica teve um papel essencial no desenvolvimento do retrato fotográfico ao longo do século passado”, contextualiza Nicholas Cullinan, director da National Portrait Gallery, “encomendando a fotógrafos e a designers de topo a produção de algumas das imagens mais memoráveis e influentes da história da moda”. A ideia da mostra, que estará em Londres até 22 de Maio, é dar uma visão panorâmica destas imagens, juntas e contextualizadas historicamente pela primeira vez, com curadoria de Robin Muir e organização por décadas. Há imagens que são pura moda, com as top models dos anos 1990 (Naomi Campbell, Linda Evangelista, Christy Turlington, Tatjana Patitz e Cindy Crawford) juntas para a capa fotografadas por Peter Lindbergh, ou imagens que são ainda outra história - a de uma Inglaterra imperial e colonizadora na Índia, ou ainda retratos de estrelas, entrevistados e figuras dos seus tempos como Charles Chaplin ou Fred Astaire. A exposição, que inclui ainda uma secção dedicada à ilustração de moda e que é a grande mostra da Primavera da instituição, teve um obstáculo também ele sintomático da história que perpassou a Vogue britânica - muitas das imagens coligidas até ao início dos anos 1940 foram mais difíceis de encontrar e recuperar porque a editora durante a II Guerra, Audrey Withers, ordenou que os arquivos da Vogue fossem transformados em pasta de papel como contribuição para o esforço de guerra - essa polpa seria depois transformada em embrulhos para as rações, para munições ou para as máscaras de gás.