Marisa, a candidata que chorou na rua, ficará ao lado de Costa na defesa do OE

Se for eleita, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda dirá a Bruxelas que, “em Portugal, manda quem o povo elegeu”.

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Marisa Matias emociou-se com um testemunho que ouviu na rua Daniel Rocha
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As arruadas costumam ser momentos de festa, de beijinhos e de selfies. E esta também estava a ser. Até havia banda, os Farra Fanfarra, a animar a descida da Rua Morais Soares, em Lisboa. Mas, de repente, o folclore característico deste tipo de iniciativas de campanha ficou suspenso. A meio do percurso, uma senhora conta à candidata presidencial Marisa Matias as dificuldades por que passa: a renda que paga, o salário que recebe, os netos que tem. “Faça alguma coisa por isto, lute por isto”, pede comovida. A candidata apoiada pelo Bloco emociona-se também.

Foi depois deste momento que Marisa Matias falou com a comunicação social sobre o Orçamento de Estado para 2016. Lembrou os acordos que feitos entre a nova maioria parlamentar de esquerda – entre o Governo socialista, o Bloco de Esquerda e o PCP – e congratulou-se com as medidas que têm vindo a ser anunciadas – são elas que, “finalmente, começam a trazer alguma dignidade à vida das pessoas e a contribuir para alguns direitos serem restituídos”.

Por isso, se for eleita, garante que defenderá estas medidas, defenderá os interesses dos portugueses e, se for necessário, enfrentará Bruxelas. “Quero dizer bem claro que, se for eleita Presidente da República, estarei ao lado do povo português, dos deputados da maioria que está na Assembleia da República, do Governo, do primeiro-ministro, António Costa”, disse. Isto significa, continuou, que está disponível “para defender o nosso povo soberano, aqueles que são os interesses deste país e para dizer a Bruxelas que em Portugal manda quem o povo português elegeu.

“Está tudo em aberto”
No início, quando a autora do testemunho começa a falar, os jornalistas vão tomando notas, apontam os microfones para captar a conversa entre as duas. À volta, os apoiantes ainda gritam: “Marisa presidente, tens aqui a tua gente.” A partir de certa altura, porém, e à medida que o testemunho vai ganhando espessura, algumas canetas param de escrever, alguns microfones afastam-se, só algumas câmaras de filmar permanecem imobilizadas. Mas está tudo em silêncio a ouvir.

A senhora vai contando: tem sete netos, problemas de saúde, 500 euros de renda, 400 de salário. “Queremos dinheiro, trabalho e comida. Onde está o emprego?”, pergunta, exaltada. Marisa Matias vai garantindo: “Eu luto por isso, eu luto por isso.” No meio da rua, e mesmo com toda a comunicação social e comitiva à volta, a senhora pede: “Lute por isto, lute por isto.”

No fim da arruada, durante a qual Marisa Matias desceu a Morais Soares acompanhada pela porta-voz do BE Catarina Martins e pela deputada Mariana Mortágua, a candidata comentou ao PÚBLICO que as sondagens até agora conhecidas provam que a campanha que tem feito está “em crescendo”. Mas não só: mostram também, argumenta, que estão criadas as condições “para uma segunda volta” e que “está tudo em aberto para saber quem vai disputar essa segunda volta”. Segundo a sondagem do PÚBLICO/TVI, Marisa Matias surge em quarto lugar, com 7,9% - em primeiro está Marcelo Rebelo de Sousa, segue-se Sampaio da Nóvoa e, depois, Maria de Belém.

Nesta quinta-feira, numa outra acção de campanha, a candidata disse também aos jornalistas que abdica de parte do salário como eurodeputada, por recusar o enriquecimento às custas do exercício de cargos públicos, que desempenha “em regime de exclusividade”. Não recebe o ordenado por inteiro – parte vai para Organizações Não Governamentais, parte para o partido a que pertence.

Esclareceu-o no final de uma visita ao mercado da Torre da Marinha, concelho do Seixal, quando foi questionada sobre as declarações da opositora Maria de Belém, que no fórum da TSF, se disse disponível para confrontar a folha de vencimento como deputada, com a da eurodeputada, na sequência da polémica sobre as subvenções vitalícias.

"Estou perfeitamente à vontade para comparar a folha de salários, até porque sempre exerci as minhas funções em regime de exclusividade e, portanto, isso toda a gente poderá ver na minha folha de salários. E como toda a gente sabe, aliás, nunca fiquei com o salário total de eurodeputada, sempre abdiquei de uma parte muito substancial", garantiu a candidata presidencial do BE, citada pela  Lusa.

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