Pelo menos 27 mortos de 18 nacionalidades em ataque no Burkina Faso

Grupo Al-Qaeda no Magrebe Islâmico reivindica o ataque a um hotel. 126 pessoas foram resgatadas e 3 terroristas mortos.

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Um dos sobreviventes do ataque AFP PHOTO / NABILA EL HADAD
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Soldados retiram reféns do hotel AFP / AHMED OUOBA
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Socorristas franceses com feridos num café nas imediações do hotel AFP PHOTO / NABILA EL HADAD
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Militares franceses e norte-americanos junto ao local do ataque REUTERS/Stringer
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Um dos feridos no interior do hotel Splendid REUTERS/Stringer

Pelo menos 27 pessoas de 18 nacionalidades diferentes morreram, e 126 foram resgatadas, após terem sido feitas reféns por terroristas islâmicos que invadiram um hotel na capital do Burkina Faso, Ouagadougou. Há ainda pelo menos 36 feridos, num balanço ainda provisório, e três dos atacantes foram mortos, avança a AFP.

O ataque levado a cabo por militantes ligados à Al-Qaeda no Magrebe Islâmico já terminou, após a intervenção das forças de segurança, mas pelo menos um dos guerrilheiros está escondido num café do Hotel Ybi, próximo do hotel Splendid Hotel, que foi o estabelecimento atacado. 

Ouvido pela TSF, o Ministério dos Negócios Estrangeiros diz não ter registo de portugueses no Burkina Faso.

Às primeiras horas da manhã deste sábado, as forças de segurança iniciaram um assalto para recuperar o Splendid Hotel, onde parte do hall de entrada se encontrava em chamas, disse uma testemunha à Reuters. A operação das forças norte-americanas e francesas no interior do hotel foi dificultada pelo uso de explosivos pelos terroristas: "Armadilharam o acesso aos pisos superiores", confirmou fonte oficial.

Antes, os terroristas tinham já atacado o Cappuccino Café, nas imediações do hotel, um local popular entre as forças das Nações Unidas e estrangeiros, escreve o The Guardian. Segundo o Governo, 126 reféns foram libertados, incluindo o ministro do Trabalho. Mais de 30 pessoas foram encaminhadas para o hospital com ferimentos, informou Remis Dandjinou, ministro das Comunicações.

"Eram crianças. Parecia que quando disparavam, as armas os empurravam para trás, por serem tão pesadas para eles", contou à repórter do Le Monbde em Ouagadougou Jérémie Bangou, de 28 anos, que ficou com ferimentos na mão. Estava no Cappuccino Café.

Robert Sangare, director do centro hospitalar da Universidade de Ouagadougou, informou que cerca de 15 pessoas deram entrada com ferimentos, alguns de balas e outros de quedas. O médico diz que foram estes feridos que referiram ter visto cerca de 20 corpos e uma mulher europeia, que também deu entrada no hospital.

Também os bombeiros testemunham que viram cerca de uma dezena de corpos no terraço de um restaurante que fica à frente do hotel. Não se sabe quantas pessoas se encontravam naquela zona, mas sabe-se que a unidade hoteleira costuma ser usada pelas tropas francesas. Aliás, as mesmas que apoiaram as nacionais na tentativa de recuperar o hotel, avançou o ministro das Comunicações. 

O Presidente francês François Hollande qualificou o ataque como “odioso e cobarde”, reforçando o apoio total das forças militares francesas ao governo do Burkina Faso.

Sabe-se que o assalto começou por volta das 20h30 de sexta-feira (hora local, a mesma que em Portugal continental) e que os atacantes incendiaram carros e dispararam para o ar com o objectivo de empurrar as pessoas para o interior do hotel. Ter-se-ão barricado nos andares superiores com reféns, diz o Le Monde. Depois de um tiroteio intenso, seguiu-se uma calma relativa, em parte por causa das forças de segurança, na sua tentativa de contra-atacar.

Foi a primeira vez que militantes islâmicos procederam a um ataque na capital deste país africano. Trata-se de um revés para os esforços internacionais, encabeçados pelos EUA e a França para evitar ataques que desestabilizem a região.

Tal como o ataque em Novembro, também num hotel de luxo no Mali, em que dois atacantes mataram 20 pessoas, incluindo cidadãos norte-americanos, russos e chineses, este foi reivindicado pela Al-Qaeda no Magrebe Islâmico e pelo grupo do líder jihadista argelino Mokhtar Belmokhtar,segundo a organização SITE, que vigia os sites na Internet associados ao terrorismo.

Nos últimos anos, têm-se sucedido ataques sobretudo no Mali, mas a grande maioria dos mortos acabam por ser cidadãos locais.

O Burkina Faso é um país de maioria muçulmana que está num processo de transição democrática desde Outubro de 2014, quando o presidente de longa data Blaise Compaoré foi derrubado. 

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