Gripe A está de volta, mas agora é menos perigosa
Epidemia de gripe sazonal está no período inicial em Portugal, prevendo-se que possa atingir o pico dentro de três a quatro semanas.
A gripe A, que ficou conhecida como gripe pandémica, está de volta mas agora é muito menos perigosa, garante a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas. É a primeira vez, desde a pandemia de 2009, que a estirpe do vírus A (H1N1) é a dominante na epidemia de gripe que está no seu período inicial em Portugal, mas a provocar já um aumento da procura das urgências hospitalares, apesar dos apelos para que as pessoas liguem, primeiro, para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24).
Quando esta estirpe apareceu pela primeira vez, "tinha características diferentes, afectava mais as pessoas novas e surgia também fora da época sazonal", sublinha Graça Freitas. A diferença, agora, é que o A (H1N1) já se tornou “um vírus residente”. Na altura da pandemia, morreram pessoas novas, mulheres grávidas e obesos foram afectados, ao contrário do que era habitual, recorda a médica, explicando que, agora, esta estirpe do vírus já se tornou habitual, uma vez que muita gente já contactou com ela e já se vacinou. Por isso é “muito menos perigosa”, enfatiza.
Recordando a época da pandemia, Graça Freitas conta que nessa altura a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu baptizá-la assim, gripe A, o A (H1N1) que sofreu mutações, porque ninguém gostava do nome original, que era gripe suína. Mas todos os anos há gripe e os dois principais tipos de vírus são o A e o B, nota.
Mais de cinco mil casos numa semana
De resto, o que se pode dizer, desde já, é que começou o período epidémico da gripe sazonal em Portugal e que os casos estão a aumentar paulatinamente como sempre acontece, atesta o director-geral da Saúde, Francisco George. Na primeira semana foram notificados mais de cinco mil casos e, desde o início, havia até à semana passada registo de 18 doentes que tiveram de ser internados em unidades de cuidados intensivos, quase todos com o A(H1N1) e cerca de 70% com doença crónica subjacente. A maior parte dos pacientes tinha entre 15 e 64 anos e não estava vacinado, segundo o boletim semanal do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
No balanço da semana de 28 de Dezembro a 3 de Janeiro, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) registava 2179 consultas de síndrome gripal em centros de saúde e os especialistas do Instituto Ricardo Jorge afirmavam também que se estaria a entrar no período epidémico.
Se tudo correr como é habitual, o pico da epidemia deve ser atingido dentro de três a quatro semanas, prevê Francisco George, que volta a pedir às pessoas que telefonem para a Linha de Saúde 24. Os doentes internados estão a ser tratados com o antiviral oseltamivir, o famoso Tamiflu adquirido em grandes quantidades na altura da pandemia e que o director-geral garante que ainda não ultrapassou o prazo de validade.
Os planos de contingência para a época do frio e da gripe estão activados, há muitos centros de saúde com horários alargados, tudo para evitar o recurso às urgências hospitalares, a alternativa que se pretende evitar neste tipo de situação, e de forma a que não acontece o caos vivido no Inverno passado.
A Linha Saúde 24 pôs mesmo a funcionar um polo de reforço em Coimbra com 12 “postos de trabalho” para poder responder à procura acrescida, adianta o responsável, o enfermeiro Sérgio Gomes. De uma média de 2100 telefonemas por dia, os enfermeiros passaram a atender cerca de 2800 chamadas diárias, calcula.
O que deve, então, fazer uma pessoa com sintomas de gripe? Se não tiver “comorbilidades” (outras doenças) e não se enquadrar nos chamados grupos de risco (idosos, grávidas, pessoas com doenças crónicas, entre outros), deve ficar em casa e privilegiar o "auto-cuidado" que passa por uma avaliação periódica da temperatura, a ingestão de líquidos, e pela alimentação e agasalhos adequados. Deve ainda evitar fazer grandes esforços físicos. Em princípio, uma gripe cura-se em cerca de uma semana, diz Sérgio Gomes.