Marcelo pede “clarificação” à primeira volta

Candidato esteve na Feira Gastronómica do Porco em Boticas onde passou por todas as "tasquinhas".

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Fotos Miguel Manso
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A intensa chuva impediu a primeira passeata a pé por Vila Real até ao café onde Marcelo Rebelo de Sousa era esperado. O candidato não desanima. Chega de carro, entra na pastelaria e momentos depois vai para trás do balcão, come um folhado e responde encarar com naturalidade a ausência de Passos Coelho no seu distrito no dia em que arranca a campanha oficial.

Sem o líder mas com algum PSD à sua espera, Marcelo seguiu para uma feira de porco, em Boticas, onde provou enchidos, mel, bola de carne, e comprou sabonetes de azeite para a filha. No final apelou ao voto nas presidenciais e disse não temer segunda volta.

Num café em Vila Real ainda é confrontado com a sua prestação nos debates televisivos. “Gostava que fosse mais duro”, disse-lhe um rapaz quando tinha o candidato sentado à sua frente. Marcelo fica algo surpreendido: “A resposta depende do que a pessoa quer fazer à campanha. Nas campanhas para primeiro-ministro é natural que o confronto seja maior”.

Marcelo passou por quase todas as mesas, interpelou crianças – “Jogador de futebol? Tens que estudar outra coisa” – e deixou carteiras de anti-piréticos a uma mulher que se queixou de estar constipada. Enquanto comia um folhado, atrás do balcão, Marcelo gracejou – “Pasteis de Belém só mais tarde” – e disse respeitar Passos Coelho que rejeita intervir na campanha do candidato. “Percebo que não se queiram misturar. Não é bom para o partido, não é bom para o candidato”, disse, momentos antes de o fotógrafo oficial, Rui Ochôa, dar indicações para o professor se deslocar às mesas e “cumprimentar as pessoas”.

A campanha seguiu para a feira gastronómica do porco em Boticas, autarquia social-democrata, onde era esperado pelo presidente da Câmara, Fernando Queiroga, e alguns deputados do PSD eleitos pela região. À chegada, responde de improviso a um acordeonista que lhe dedicou uma música: “Cantas assim e nunca te ficas/Eu percebo porquê/Porque estás em Boticas”.

Nos expositores de enchidos – “isto é de perder a cabeça” – Marcelo prova chouriços e pão, e comenta benefícios dos alimentos. “Nozes é bom que é anti-cancerígeno”, já o bolo de canela “é afrodisíaco”. O candidato perde-se nas conversas com os vendedores sobre as qualidades dos produtos ao mesmo tempo que fala sobre o país. “Tenho a certeza que o país vai sair da crise. É preciso que a Europa ajude. Saímos mais depressa do que pensamos. Eu tentarei ajudar o Governo a que isto saia”, disse em conversa com uma produtora que lhe vendeu sabonetes de azeite que “deixam a pele macia como a de um bébé”.

No final da volta por quase todas as “tasquinhas”, Marcelo pára para um directo para as televisões. Teme a segunda volta? “Não temo. Acho fundamental, depois de um ano eleitoral tão longo mais a crise da formação do Governo, uma clarificação rápida para que o Presidente ajude a unir os portugueses”, disse, sublinhando ainda a importância de “votar nas presidenciais. “Os portugueses devem fazer hoje e não deixar para amanhã”. É o fantasma da segunda volta que promete ensombrar esta campanha.

Afectos e água a mais 
Depois de um dia de contacto mais directo com as pessoas, Marcelo deixa a mensagem da campanha para uma sessão pública, em Mirandela, distrito de Bragança. “O que o país precisa agora é de heroísmo quotidiano, que é a capacidade de todos os dias construir pontes, abrir o diálogo, fomentar a tolerância e colaborar com todos os poderes, regionais e locais, o que passa pela capacidade de se fazer compreender e isso passa pelo afecto”, disse no centro juvenil dos salesianos.

Afecto foi, porventura, a palavra mais repetida no discurso. Para responder aos críticos que acusam de ser suave, Marcelo responde com um tom de união: “Vale a pena fazer campanha que divida em vez de convergir? Não é um problema de diversidade de pensamentos, mas de divisões pessoais. O que nos une é mais importante do que o que nos separa”.

Perante uma plateia com cerca de 180 pessoas, Marcelo discorre sobre o que deve ser um Presidente da República – um “árbitro imparcial” – e as suas capacidades. A capacidade de estar “próximo fisicamente”, como nas presidências abertas, mas também “é muito importante o contacto afectivo”.

Das palavras passou aos actos e o Marcelo candidato decidiu, à ultima da hora, acompanhar o presidente da Câmara a uma visita ao centro da cidade, junto ao rio Tua, a transbordar para um parque de estacionamento por causa da chuva intensa dos últimos dias. De boné e abrigado por um chapéu de chuva, Marcelo limitou-se a ouvir os responsáveis da protecção civil. O primeiro dia de campanha oficial terminou à hora de jantar, uma regra que se deverá manter até ao fim. 

Marcelo avança com campanha minimalista e a palavra "consensos"

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