Alvo do FC Porto: um treinador com passado no futebol português
Nas mudanças a meio da época, os “dragões” têm privilegiado técnicos familiarizados com o contexto nacional. De entre os nomes equacionados para render Lopetegui, Villas-Boas surge à cabeça.
Dificilmente haverá novidades antes da próxima segunda-feira, dia que se segue ao embate com o Boavista, para a Liga, mas o perfil do futuro treinador do FC Porto está traçado: um conhecedor profundo do futebol português. Do lote de alvos dos “dragões”, o mais apetecível é André Villas-Boas, mas, tal como outras das opções mais fortes do mercado, ainda tem um vínculo contratual. Um obstáculo difícil de contornar.
A opção da direcção do FC Porto por Julen Lopetegui, em Maio de 2014, marcou um momento de viragem na história desportiva recente dos “azuis e brancos”. O técnico espanhol trouxe uma ideia de jogo diferente, com demasiadas curvas para um campeonato em que os “grandes” estão habituados a acelerar em direcção à maior parte das balizas adversárias.
Se, na primeira temporada, a chegada aos quartos-de-final da Liga dos Campeões e a luta pelo título até à penúltima jornada ainda foram suficientes para as exigências de um período de adaptação, a recente transferência para a Liga Europa (quando a equipa estava em franca vantagem na luta pelos oitavos-de-final da Champions) e a entrada em falso em 2016 foram fatais ao antigo guarda-redes, que viu nesta sexta-feira o clube oficializar, em comunicado, o processo de desvinculação.
A intenção de implantar no FC Porto uma nova forma de jogar, mais à imagem da selecção espanhola e acentuando de forma dramática a ausência de referências no balneário (com contratações de várias latitudes), não deu frutos e a direcção do clube pretende arrepiar caminho. Nesse sentido, Pinto da Costa deverá fazer aquilo que tem feito ao longo do seu extenso mandato à frente dos destinos dos “dragões”, sempre que precisou de mudar de rumo a meio da temporada: apostar num treinador com bases sólidas no futebol português.
Aconteceu assim com José Mourinho (rendeu Fernando Santos) em 2001-02, com José Couceiro (sucedeu a Víctor Fernández em 2004-05), com Jesualdo Ferreira (substituiu Co Adriaanse) em 2006-07 e, mais recentemente, com Luís Castro, que ocupou o lugar deixado vago por Paulo Fonseca até ao final da temporada 2013-14. Outro dos exemplos, ainda que sem deter B.I. português, foi Bobby Robson, que em 1993-94 chegou às Antas com o trunfo de ter treinado durante ano e meio em Alvalade — deixou o Sporting no primeiro lugar da Liga.
A escolha da direcção do FC Porto deverá, desta vez, seguir no mesmo sentido, perfilando-se André Villas-Boas, que cumpriu uma época de sonho nos “dragões” em 2010-11, conquistando quatro troféus, como a grande prioridade. Acontece que o contrato com o Zenit só termina no final da temporada e os russos ainda têm uma palavra a dizer na Liga dos Campeões, prova em que defrontam o Benfica nos oitavos-de-final. Nesse sentido, afigura-se difícil concretizar a operação no imediato.
No círculo de treinadores portugueses de créditos firmados, e que são vistos com bons olhos no Porto, contam-se ainda Leonardo Jardim (Mónaco) e Marco Silva (Oympiacos). O primeiro tem um vínculo até Junho, com opção de assinar por mais um ano; o segundo está ligado ao campeão grego até 2017 e nesta sexta-feira desmentiu que tenha sido contactado pelos dirigentes portuenses.
“Não tenho muito a dizer sobre isso. O que posso dizer é que tive jogo ontem, hoje de manhã estive a preparar o treino da tarde e agora vou dar o treino. É este o meu trabalho e tudo o que posso dizer à comunicação social, seja aqui ou em Portugal. O que posso dizer é que comigo não houve nenhum contacto”, respondeu Marco Silva ao site grego NovaSports.
Com o FC Porto a regressar à competição já amanhã, no Estádio do Bessa, só na próxima semana são esperadas novidades. No caso de o clube não conseguir resgatar nenhum dos treinadores que são tidos como prioritários, o cenário de uma missão temporária no comando técnico poderá voltar a ser colocado nas mãos de Luís Castro.