Henrique Neto acusa Maria de Belém de ser candidata de facção
Os dois candidatos a Belém, ambos militantes do PS, estiveram frente-a-frente na RTP1.
O debate desta segunda-feira entre os candidatos presidenciais Maria de Belém e Henrique Neto, ambos militantes socialistas, ficou marcado por ataques do empresário à ex-ministra da Saúde, que acusou de ser uma candidata de facção dentro do PS.
No frente-a-frente transmitido na RTP1 e moderado pelo jornalista João Adelino Faria, Henrique Neto afirmou não compreender como "alguém que foi durante seis anos ministra do Partido Socialista, que foi até há relativamente pouco tempo presidente do Partido Socialista, que foi escolhida por uma facção, de um grupo dentro do interior do partido [...], se apresenta ao país como uma candidata independente".
Em resposta, Maria de Belém negou ser "candidata de facção", defendendo que "as candidaturas resultam de uma iniciativa e impulso de cidadania, e devem ser independentes dos partidos".
Questionado sobre se se considera mais independente que a oponente, Henrique Neto foi taxativo: "Não acho que sou, toda a gente reconhecerá isto. Difícil é reconhecer o mesmo a alguém que até há pouco tempo foi presidente do partido."
"Pauto o meu exercício público e político pelo facto de ter sido sempre uma candidata que disse a verdade, que defendeu a verdade, que defendeu a palavra de honra na política variadíssimas vezes", vincou a antiga ministra, acrescentando que "gostaria que isso fosse considerado como algo que é importante" para si.
Henrique Neto aproveitou também para atacar a ética de Maria de Belém já na parte final do debate, tendo-a confrontado com o facto de ter sido consultora da Espírito Santo Saúde quando presidia à comissão parlamentar de Saúde, questão que já tinha sido abordada no debate da ex-ministra da Saúde com Marisa Matias.
"O resultado da acção da senhora candidata não é aquele que a senhora candidata nos procura convencer", vincou, acusando a socialista de confundir "a legalidade dos actos das personagens políticas com a ética".
A candidata recusou "estar sujeita a um ataque de carácter", dizendo que "a sua ética é a sua ética" e que "cumpre a lei", vincando ainda "não ter tido nenhum processo por dívidas ao fisco", sem explicitar ao que se referia. Henrique Neto reagiu, dizendo que também ele não tinha esse tipo de dívidas.
"Não quero fazer ataques desta natureza, acho absolutamente inaceitável que se espere pelo fim de um debate para se discutir com um candidato que cumpre a lei", referiu Maria de Belém.
Também a sua actuação à frente do Ministério da Saúde foi trazida ao debate por Henrique Neto, que afirmou que aquela pasta "teve imensos problemas que não foram geridos bem".
Maria de Belém defendeu que durante o seu mandato foram introduzidas "reformas no sistema de saúde", foram criadas as "primeiras unidades de saúde familiares" e "fizeram-se experiências inovadoras na gestão hospitalar e na gestão conjunta de centros de saúde e hospitais".
Em termos governativos, ambos os candidatos reconheceram a "importância da estabilidade", e admitiram no futuro uma opção de bloco central, caso seja esse o desejo dos partidos e do parlamento.
Para Henrique Neto, "esta solução é perfeitamente legítima e deve ser apoiada", e o próximo Chefe de Estado deve procurar "alargar esta unidade e unir os portugueses".
Maria de Belém vincou que "admite desenvolver todas as diligências" para assegurar a estabilidade, mas que a "escolha é dos eleitores" pois o "Presidente da República não escolhe Governos".
A rematar, Henrique Neto convidou os portugueses a verem os debates e a "compararem as diferentes ideias e experiências para tomarem as suas conclusões" no dia das eleições.